Bolsonaro ficou com terceiro conjunto de joias que inclui relógio Rolex de R$ 364 mil
Joias que ainda estão com o ex-presidente somam cerca de R$ 500 mil; kit foi dado a ele durante viagem à Arábia Saudita
Brasília|Do R7*, em Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou com um terceiro kit de joias dadas pela Arábia Saudita. De acordo com a Agência Estado, o estojo — que traz o símbolo verde do brasão de armas da Arábia Saudita — inclui um relógio da marca Rolex de ouro branco e diamantes, uma caneta da marca Chopard com pedras incrustadas, um par de abotoaduras de ouro branco e diamantes, um anel de ouro branco, também com diamantes, e uma masbaha, um tipo de rosário árabe, feito de ouro branco e com pingentes de brilhantes.
O valor estimado do relógio Rolex é de R$ 364 mil. Os outros itens, quando comparados a peças similares, valem cerca de R$ 200 mil. Segundo a agência de notícias, o presente foi recebido em mãos por Bolsonaro durante uma viagem oficial a Doha, no Catar, e a Riad, na Arábia Saudita, em 2019.
O ex-presidente voltou com o conjunto de joias para o Brasil e deu ordens para que os itens fossem levados a seu acervo privado. Um formulário de encaminhamento de presentes para o presidente foi preenchido, com a especificação de cada item do conjunto de joias.
A guarda dessas joias permaneceria no acervo privado de Bolsonaro por mais de um ano e meio, até que, já no ano ado, o então presidente daria novas ordens, em 6 de junho de 2022, para ficar com as joias. Dois dias depois, conforme os registros oficiais, as joias já se encontravam "sob a guarda do presidente da República".
Segundo kit já foi devolvido
A defesa do ex-presidente entregou na última sexta-feira (24), à Caixa Econômica Federal, as joias dadas pela Arábia Saudita ao ex-chefe do Executivo brasileiro. Avaliado em cerca de R$ 500 mil, o kit, composto de relógio, caneta, anel, abotoaduras e masbaha (um tipo de rosário), foi oferecido a Bolsonaro em 2021.
A entrega foi feita pelo advogado Paulo Cunha Bueno na manhã da última sexta-feira (24), após a determinação, por unanimidade, do Tribunal de Contas da União (TCU). A corte decidiu também, em 15 de março, que as armas dadas a Jair Bolsonaro pelos Emirados Árabes devem ser entregues à diretoria de Polícia istrativa da Polícia Federal, em Brasília.
Joias apreendidas
O governo de Bolsonaro tentou trazer ilegalmente para o país um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em 3 milhões de euros, o equivalente a R$ 16,5 milhões.
As joias eram um presente do regime saudita ao então presidente e à primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos. Estavam na mochila de um militar, assessor do então ministro Bento Albuquerque, que viajou para o Oriente Médio em outubro de 2021.
Joias avaliadas em R$ 16,5 milhões e escultura dourada de um cavalo de aproximadamente 30 centímetros estão entre os objetos apreendidos pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos (SP), em outubro de 2021, com um assessor que trabalhou durante a ge...
Joias avaliadas em R$ 16,5 milhões e escultura dourada de um cavalo de aproximadamente 30 centímetros estão entre os objetos apreendidos pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos (SP), em outubro de 2021, com um assessor que trabalhou durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).
Ao saber que as joias haviam sido apreendidas, o ministro retornou à área da alfândega e tentou usar o cargo para liberar os diamantes. Foi nesse momento que Albuquerque disse que se tratava de um presente do governo da Arábia Saudita a Michelle.
A cena foi registrada pelas câmeras de segurança, como é de praxe nesse tipo de fiscalização. Mesmo assim, o agente da Receita reteve as joias, porque, no Brasil, é obrigatória a declaração ao Fisco de qualquer bem que entre no país cujo valor seja superior a 1.000 dólares.
O caso também é alvo de um pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (I) protocolada na Câmara dos Deputados em 8 de março. No requerimento, parlamentares argumentaram que é necessário investigar as denúncias da entrada irregular das joias no país. "As condutas incorrem no completo desrespeito aos princípios que regem a vida e os agentes públicos", diz o pedido.
* Com informações da Agência Estado