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Rússia X Ucrânia: especialistas analisam as chances de um acordo de paz

Disputa iniciada em 2022 aborda domínio de regiões estratégicas para ambos os países, além dos interesses dos Estados Unidos

Record News|Amanda Gdikian*, do R7

O mundo aguarda pela primeira negociação de paz direta entre Rússia e Ucrânia desde 2022. A RECORD NEWS tem ouvido especialistas em geopolítica e traz um panorama desse novo capítulo da guerra.

A reunião entre ministros das Relações Exteriores, prevista para acontecer na quarta-feira (23), em Londres, na Inglaterra, foi adiada após a ausência do Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio. O encontro teria mediação do Reino Unido, da França e dos EUA para discutir um acordo pelo fim da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Países europeus e os Estados Unidos tentam acertar uma trégua e fazem mediações para garantir que seus interesses econômicos, políticos e territoriais sejam garantidos.

Pressão dos Estados Unidos

O governo norte-americano tem pressionado para que um acordo seja assinado pelos dois países em conflito, e ameaçou abandonar os esforços de mediação caso não haja progresso nas conversas. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou querer um cessar-fogo incondicional e que está pronto para um diálogo aberto com Moscou. A iniciativa é vista com bons olhos pelo líder russo, Vladimir Putin.


Em publicação em uma rede social feita nesta quarta-feira (23), Donald Trump afirmou já ter um acordo de paz com a Rússia, porém a Ucrânia estaria dificultando o processo. O republicano relatou também que achou que seria mais fácil negociar com Zelensky, mas disse acreditar que chegarão em uma trégua.

Segundo Trump, o governante de Kiev se recusa a reconhecer o controle russo da Crimeia — território cedido à Ucrânia durante a União Soviética e tomado pela Rússia entre 2014 e 2015 — em troca de um cessar-fogo imediato.


J.D Vance, vice-presidente dos Estados Unidos, fez uma proposta para que Rússia e Ucrânia assinem um acordo de cessar-fogo Reprodução/Record News

Durante uma visita à Índia, o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D Vance, afirmou que a Casa Branca fez uma proposta muito explícita às duas partes, que inclui a necessidade de troca de territórios. Segundo o analista internacional Vladimir Feijó, “nenhum dos lados parece ter interesse em aceitar”. Tanto a Rússia, quanto a Ucrânia, não querem ceder o domínio das regiões, comenta o professor.

Em entrevista ao Conexão Record News, Igor Lucena, analista internacional, afirma que é difícil que os EUA abandonem os esforços para trégua, já que isso faria com que a Rússia tivesse mais facilidade em conseguir conquistar partes importantes do território, como Karkhiv e Zaporizhzhia. O especialista ainda destaca que é importante que Trump cumpra a promessa feita durante a campanha — de acabar com a guerra — para que mantenha parte do eleitorado dele engajado com o governo.


Trump afirmou que deve se encontrar com o líder russo após a viagem que vai fazer à Arábia Saudita, marcada para maio. O enviado especial dos EUA, Steve Witkoff deve ir à Moscou ainda nesta semana para as negociações diretas com Putin. Manuel Furriela, mestre em direito internacional, diz que “a reunião pode ser útil desde que os EUA coloquem pressão sobre a Rússia para que saia um acordo”.

O especialista explica que a Ucrânia não vai ceder nem a Crimeia, nem outras partes de seu território para o governo russo, mas que “é algo muito importante para a Rússia solicitar e muito difícil para a Ucrânia atender”, completa.

Domínio sobre minerais raros

Lucena pontua também o interesse dos Estados Unidos sobre os minerais raros presentes no solo ucraniano. Moscou também deve pensar na questão de exploração de minerais — matéria-prima essencial para a produção de semicondutores — na hora de definir o domínio dos territórios. Lucena explica que, se a Rússia estiver em posse desse material, poderá negociar com a China, que terá, assim, capacidade de fabricar mísseis mais potentes e ultraar os americanos na corrida tecnológica.

Ataques russos

Os ataques russos no território ucraniano seguem em meio à tentativa de acordo de paz — drones atingiram prédios em Odessa durante a noite de quarta-feira (22). Zelensky quer garantia de que as investidas parem, mas, de acordo com Vitelio Brustolin, professor de relações internacionais e pesquisador, “Putin quer negociar um fim para a guerra, mas não aceita um cessar-fogo e enquanto isso continua bombardeando áreas civis”. Moscou propôs uma trégua durante a Páscoa e não cumpriu.

Drones russos atingiram a Odessa, na Ucrânia, na quarta-feira (22) Reprodução/Record News

Na manhã de quinta-feira (24), a Rússia realizou um ataque com mísseis e drones à capital ucraniana, Kiev. De acordo com um relatório dos serviços de resgate, a investida deixou 12 mortos e 90 feridos.

Segundo Brustolin, o líder russo quer “reconstruir o poder imperial da Rússia”, conforme plano escrito nos artigos de Putin, publicado em 2021, no site do Kremlin, cerca de seis meses antes dele invadir a Ucrânia. O presidente russo considera a dissolução da União Soviética “a maior catástrofe do século 20”, comenta o professor.

Porta-voz do Kremlin acusa Volodymyr Zelensky de ‘bloquear a democracia’ Reprodução/Record News

Em entrevista coletiva, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acusou Zelensky de bloquear a democracia. O governo russo defendeu a posição de Trump e disse que as alegações do presidente americano correspondem ao que a Rússia tem dito há muito tempo sobre a região da Crimeia. Peskov ainda afirmou que o país continua trabalhando com os EUA para garantir um acordo de paz que leve em consideração os interesses de Moscou.

Já o governo ucraniano acusa Putin de querer dar continuidade à guerra e de prolongar as negociações para ganhar mais tempo e tomar mais terras da Ucrânia. Para Manuel Furriela, precisa haver uma “suspensão de hostilidades” a fim de conseguir um bom diálogo.

“A quantidade de baixas de civis é muito expressiva”, os que permanecem no território ucraniano estão virando alvo de ataques, enquanto os que saíram se tornaram refugiados, conclui Furriela.

Entrada da Ucrânia na Otan

Os Estados Unidos descartaram a adesão da Ucrânia na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a Rússia considera a decisão como satisfatória. Para o analista internacional Lier Ferreira, a posição, do ponto de vista geopolítico, faz sentido, já que um dos motivos que resultaram no conflito no leste europeu foi justamente o avanço da organização a partir de 1997. “Ucrânia e Geórgia não seriam toleradas dentro da aliança ocidental”, explica.

Segundo Ferreira, para que a paz seja alcançada na região, “algumas concessões deverão ser feitas”, com Moscou assumindo o compromisso de não estabelecer outras sanções ou movimentos expansionistas no contexto do leste europeu. É necessário saber como ficarão os territórios ucranianos ocupados pela Rússia e qual será a participação dos exércitos europeus dentro dessa nova estrutura. “Mas é importante informar que são interesses conflitantes”, finaliza.

*Sob supervisão de Arnaldo Pagano

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