‘Meu bicho de estimação era um leão. Era tanta farra que o Pelé me pediu para maneirar. Fui ao céu. Desci ao inferno. Fui preso. Paguei.’ Piá
Entrevista crua, humana, com Piá, jogador muito talentoso, com potencial para a Seleção, mas que se perdeu. Festas, mulheres, amigos falsos. Pelé o escolheu para dar sua camisa 10. Perdeu milhões. Acabou na cadeia. Agora ajuda jovens jogadores a não errarem como ele

“Quando chegava virado, da farra, pegava o Simba, que era meu leão, e ia com ele para o treino na Ponte Preta. Subia no campo e o deixava lá. Voltava para o vestiário para dormir. O treino não começava, porque todos ficavam com medo do Simba. E eu dormia um pouco. Depois ia pegá-lo e o colocava no meu carro.
“Eu eava com o Simba por Campinas, ninguém acreditava quando me via com um leão.
“O Pelé foi no meu apartamento. Estava fazendo mais uma festança. Ele me disse: ‘em vez de comprar um apartamento, eu coloquei o meu dinheiro e te comprei para o Santos. Você precisa maneirar’. Segurei por alguns dias, depois voltei para a farra.”
Meia talentoso, driblador, com excelente visão de jogo. Instintivo. Diferenciado, em uma época repleta de talentos no futebol brasileiro. Pré-convocado para a Seleção, em 2001.
Atuou no Santos, Corinthians e, principalmente, Ponte Preta, onde foi grande ídolo. Deram holofotes, dinheiro, a chance de ter uma vida incrível e jamais sonhada para um filho de caminhoneiro.
“Sem orientação, errei. Perdi chances incríveis que jamais sonhei. Desperdicei. Fui do céu ao inferno. Depois, quando perdi o futebol, me afundei.” A vida de Reginaldo Rivelino Jandoso, craque até no nome, é impressionante. Mais ainda a coragem desse homem de 51 anos em assumir o que viveu.

A relação dificílima com o pai, que chegava a amarrá-lo, trancado em casa, para não jogar futebol, quando menino.
“Sofri muito. Apanhava para não jogar futebol. Depois de 50 anos de vida, nos perdoamos.”
Talvez a dura infância explique a revolta, não se submeter a ordens, características que acompanharam Piá em toda carreira.
O talento explodiu na Inter de Limeira, a ponto de Pelé, aconselhado por Pepe, comprá-lo e reservar a sua camisa 10 do Santos para ele. O deslumbramento com dinheiro, mulheres, bebidas e carros de luxo.
‘Eu tinha 20 anos e sentia que tinha o mundo à disposição. Aproveitei. Mas me perdi.’
Fez história nos oito anos da Ponte Preta. Foi contratado pelo Corinthians, por ninguém menos que Rivellino. Acabou sabotado. Teve 22 trocas de clubes. Jogou na Grécia.
Desperdiçou os milhões que ou por suas mãos. Descontou no álcool. Desesperado, com o fim da carreira, fim do dinheiro, foi convencido a roubar bancos. Acabou preso.
‘Errei feio, vivi o inferno, que são as prisões no Brasil. Descobri Deus. Paguei minha dívida com a sociedade. E agora a tenho a missão de descobrir e, principalmente, orientar novos talentos. Para que não cometam os erros que cometi.”
Piá deu a mais crua, sincera e profunda entrevista do Canal do Cosme Rímoli, parceria com o R7.
Toda semana há exclusiva com um personagem do esporte deste país.
São mais de cem entrevistas.
Com mais de 10,8 milhões de os...
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