Por que um zoológico nos EUA usa fantoches para alimentar um raro filhote de urubu
Técnica desenvolvida há mais de 40 anos é utilizada para evitar apego com humanos no Zoológico do Bronx, em Nova York
Internacional|Do R7

Um filhote de urubu-rei, ave rara nascida em fevereiro no Zoológico do Bronx, em Nova York, nos Estados Unidos, está sendo alimentado de forma inusitada: com um fantoche de mãos que imita um urubu adulto.
A técnica, usada há mais de quatro décadas, serve para garantir a sobrevivência do filhote sem que ele crie vínculos com humanos, explicou o zoológico em um comunicado divulgado na terça-feira (29).
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O filhote foi o primeiro de sua espécie a nascer no zoológico desde a década de 1990. É um marco para a conservação do urubu-rei (Sarcoramphus papa), que enfrenta ameaças como a destruição de seu habitat e a caça ilegal, segundo o zoológico.
A espécie, nativa de países como México, Argentina e Uruguai, é classificada como “pouco preocupante” pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), mas sua preservação é essencial para manter a população estável.
Por que usar fantoches?
Urubus-rei podem negligenciar seus filhotes, o que torna necessária a intervenção humana. No entanto, para evitar que o filhote se apegue aos tratadores e isso comprometa sua capacidade de viver na natureza, a equipe do zoológico utiliza um fantoche manual projetado para se assemelhar a um urubu adulto.
O boneco, produzido pelo Departamento de Exposições e Artes Gráficas do zoológico, é operado por tratadores que escondem seus rostos e usam roupas escuras durante as sessões de alimentação, realizadas uma vez por dia.
“Nesta fase de desenvolvimento, nossa equipe está alimentando o filhote com o fantoche e trabalhando para garantir que ele não se apegue aos humanos”, disse Chuck Cerbini, curador de ornitologia do Zoológico do Bronx, à agência de notícias AP.
Além disso, um urubu-rei adulto é mantido em um recinto adjacente, permitindo que o filhote observe comportamentos típicos da espécie.

Técnica com história
A técnica de alimentação com fantoches foi desenvolvida pelo Zoológico do Bronx na década de 1980, quando foi usada para criar três filhotes de condor-andino (Vultur gryphus), que foram reintroduzidos na natureza no noroeste do Peru em 1981.
Os aprendizados no Bronx, é claro, foram compartilhados com outros zoológicos, contribuindo para o aprimoramento das técnicas de conservação de aves selvagens ao longo das últimas décadas.
“Esta técnica incorpora a expertise de muitos profissionais, incluindo cuidadores, veterinários e artistas. É um exemplo do esforço para garantir a saúde de cada animal e das populações das espécies”, disse Cerbini.
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