Mais de 200 ucranianos morreram por fome e tortura em prisões na Rússia
Autoridades ucranianas e ONU relatam abusos sistemáticos contra prisioneiros de guerra em cativeiro russo, diz agência
Internacional|Do R7

Pelo menos 206 prisioneiros de guerra ucranianos morreram em cativeiro russo desde o início da invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, em 2022, de acordo com uma investigação publicada pela agência de notícias Associated Press (AP) nesta terça-feira (27).
Muitas dessas mortes foram causadas por maus-tratos, incluindo tortura, fome e falta de assistência médica em prisões e centros de detenção na Rússia e em áreas ocupadas da Ucrânia.
Segundo a AP, essas informações foram colhidas por meio de ativistas de direitos humanos, representantes da ONU (Organização das Nações Unidas), autoridades ucranianas e um perito forense que realizou autópsias em dezenas de corpos de soldados da Ucrânia.
Leia mais
Abusos em prisões
Autoridades ucranianas afirmam que a Rússia frequentemente devolve corpos mutilados ou decompostos, o que sugere uma tentativa de encobrir evidências de abusos.
Um relatório da ONU de 2024 revelou que 95% dos prisioneiros ucranianos libertados sofreram tortura e maus-tratos “sistemáticos”, incluindo espancamentos, choques elétricos, sufocamento, violência sexual, posições de estresse prolongadas, simulações de execuções e privação de sono.
“Essa conduta não poderia ser mais ilegal”, disse Danielle Bell, principal monitora de direitos humanos da ONU na Ucrânia, à AP.
A Anistia Internacional também documentou, em relatório deste ano, a tortura generalizada de prisioneiros ucranianos, criticando o sigilo russo sobre o paradeiro e as condições dos detidos.
A Rússia se recusa a permitir o de grupos de direitos humanos ou profissionais de saúde às suas prisões, deixando famílias sem notícias de seus entes queridos por meses ou até anos, de acordo com a agência.
A Ucrânia planeja apresentar acusações de crimes de guerra contra a Rússia no Tribunal Penal Internacional, usando como provas depoimentos de ex-prisioneiros e resultados de autópsias.
No entanto, peritos forenses enfrentam dificuldades para determinar as causas das mortes, já que alguns corpos chegam sem órgãos internos ou com sinais de ferimentos aparentemente ocultados.
Milhares de prisioneiros
Embora a Rússia não divulgue o número de prisioneiros ucranianos em seu poder, estimativas citadas pela rede britânica BBC em dezembro do ano ado apontam que pelo menos 8.000 ucranianos, entre soldados e civis, estão detidos.
Dos mais de 5.000 prisioneiros repatriados pela Rússia, 206 morreram em cativeiro, dos quais mais de 50 em uma explosão em um quartel de prisão controlado pelos russos, segundo o governo ucraniano.
Promotores ucranianos também relatam que 245 prisioneiros foram mortos por soldados russos no campo de batalha, segundo a AP.
No último fim de semana, Rússia e Ucrânia realizaram a maior troca de prisioneiros da guerra, com 1.000 prisioneiros de guerra libertados de cada lado. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, descreveu a troca como “talvez o único resultado real” das negociações diretas em Istambul, neste mês.
Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp