Japão deve instalar mísseis de longo alcance para defesa contra China e Coreia do Norte
Implantação prevista para 2026 busca aumentar “capacidades de contra-ataque” em meio a tensões regionais e incertezas com pacto de segurança dos EUA
Internacional|Do R7

O Japão está se preparando para instalar mísseis de longo alcance na ilha de Kyushu, no sudoeste do país, como parte de um esforço para fortalecer as defesas do país diante de crescentes tensões regionais e da incerteza sobre o apoio dos Estados Unidos.
De acordo com a agência de notícias japonesa Kyodo, os mísseis, com alcance de cerca de mil quilômetros, seriam capazes de atingir alvos na Coreia do Norte e nas áreas costeiras da China.
A implantação dos mísseis deve ocorrer a partir de março de 2026. As bases militares que receberão os armamentos são o Camp Yufuin, na província de Oita, e o Camp Kengun, em Kumamoto, que já abrigam baterias de mísseis de menor alcance.
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A iniciativa faz parte de uma estratégia mais ampla do Japão para desenvolver “capacidades de contra-ataque” e reforçar a segurança da cadeia de ilhas Nansei, próxima a Taiwan, país que a China considera uma província renegada que deve ser reunificada.
Fontes governamentais ouvidas pela Kyodo afirmam que a implantação em Kyushu busca proteger essa região estratégica. De acordo com a agência, o governo japonês descartou a ideia de implantar os mísseis em Okinawa, que é mais próxima de Taiwan, para não provocar Pequim.
Tensões com Trump e preocupações locais
A decisão japonesa ocorre em um momento de instabilidade nas relações com os Estados Unidos. No início deste mês, o presidente Donald Trump criticou o tratado de segurança Japão-EUA, assinado em 1951, chamando-o de não recíproco.
“Temos que protegê-los, mas eles não têm que nos proteger”, disse Trump. O tratado, firmado quando o Japão estava sob ocupação americana pós-Segunda Guerra Mundial, é limitado pelo artigo 9 da Constituição japonesa, que restringe ações militares ofensivas.
Enquanto o governo japonês avança com os planos, moradores das áreas próximas às bases em Kyushu expressam preocupação. Segundo a Kyodo, há temores de que a presença dos mísseis transforme as regiões em alvos de ataques inimigos.