Ex-operário, novo presidente da Coreia do Sul sobreviveu a ataque a faca; conheça Lee Jae-myung
Em janeiro de 2024, Lee Jae-myung sofreu uma tentativa de assassinato enquanto conversava com jornalistas
Internacional|Do R7

O advogado Lee Jae-myung, de 61 anos, foi eleito presidente da Coreia do Sul na terça-feira (3), após conquistar 49,29% dos votos com 99% das urnas apuradas, segundo projeções das principais redes de TV sul-coreanas. Ele derrotou o candidato governista Kim Moon-soo, do Partido do Poder do Povo (PPP), que aparecia com 41,34% dos votos. A participação eleitoral chegou a 80%, a maior em quase três décadas.
Candidato da oposição e filiado ao Partido Democrático, Lee assume em um contexto de crise política desencadeada pela tentativa de autogolpe do ex-presidente Yoon Suk-yeol, que em dezembro de 2024 decretou lei marcial e ordenou o envio do Exército ao Parlamento, suspendendo a Assembleia Nacional.
A medida, inédita desde a redemocratização em 1987, durou apenas algumas horas, mas gerou forte reação do Legislativo, liderada por Lee, então deputado em seu segundo mandato.
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Na mesma madrugada da decretação da lei marcial, Lee atravessou barreiras de policiais e soldados para entrar no Parlamento junto a manifestantes e garantir a votação que derrubou o decreto. Dez dias depois, a Assembleia aprovou o impeachment de Yoon, posteriormente confirmado pela Corte Constitucional, encerrando sua agem pela presidência.
A eleição presidencial foi convocada com dois anos de antecedência e teve como tema central a crise institucional provocada pelo ex-presidente. A campanha também girou em torno de questões econômicas, com destaque para as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos sul-coreanos, apesar de Seul manter isenção tarifária para itens americanos.
O novo presidente prometeu priorizar o alívio do custo de vida para famílias de baixa e média renda, além de apoiar pequenos empresários.
Lee terá pela frente o desafio de governar um país dividido politicamente após o episódio da lei marcial. O novo presidente também precisará lidar com as incertezas nas relações com os EUA, um de seus principais parceiros comerciais e aliados militares, que vêm adotando políticas protecionistas.
A expectativa é que as relações com a China melhorem, já que o novo presidente é visto como mais pragmático e menos ideológico nas questões de política externa, em contraste com a linha mais alinhada a Washington e Tóquio do governo anterior.
Trajetória pessoal
Ex-operário de fábrica, Lee sofreu sequelas físicas após um acidente com uma prensa. Conseguiu uma bolsa de estudos e formou-se advogado, atuando por décadas em causas sociais antes de ingressar na política. Foi prefeito, governador e chegou ao Parlamento.
O eleito também sofre acusações de corrupção desde a eleição presidencial anterior, em que perdeu por menos de um ponto percentual para Yoon, mas recuperou protagonismo após liderar a resistência democrática durante a crise institucional.
Em janeiro de 2024, sofreu uma tentativa de assassinato a faca enquanto conversava com jornalistas. O ataque atingiu seu pescoço e exigiu uma cirurgia delicada. Desde então, Lee circula com colete à prova de balas e escolta reforçada
Na noite de terça-feira (3), Lee agradeceu ao eleitorado. “Se este resultado for confirmado, gostaria de expressar meu respeito pela grande decisão do público. Farei o meu melhor para cumprir a grande responsabilidade e missão e não decepcionarei as expectativas do público”, declarou.
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