Eleição na Coreia do Sul é marcada por polêmicas, bizarrices e insultos entre candidatos
Disputa entre liberais e conservadores expõe crise política no país, que viveu tentativa de golpe no início do ano
Internacional|Do R7

A Coreia do Sul realiza na próxima terça-feira (3) uma das eleições presidenciais mais polarizadas de sua história recente. Após a deposição do ex-presidente Yoon Suk-yeol por tentar impor uma lei marcial, o país vive uma campanha eleitoral marcada por ataques pessoais, censura, disputas internas entre conservadores e graves preocupações com a segurança dos candidatos — especialmente do favorito Lee Jae-myung, do Partido Democrata, que faz campanha sob escolta armada e com colete à prova de balas.
No último debate entre os principais candidatos, Lee Jae-myung e o conservador Kim Moon-soo, do Partido do Poder Popular, trocaram insultos e provocações. Lee chamou Kim de “avatar de Yoon Suk-yeol”, enquanto Kim o acusou de representar uma “ditadura de políticas monstruosas”.
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Declarações polêmicas
Kim explora o histórico judicial de Lee, que enfrenta múltiplos processos por corrupção. Já Lee critica Kim por evitar criticar Yoon e se esquivar de comentar os escândalos que envolvem a ex-primeira-dama Kim Keon Hee, acusada de receber bolsas de luxo em troca de favores.
Outro foco da campanha foi a polêmica em torno de um comentário de Lee sobre a lucratividade de cafeterias, usado pela oposição para acusá-lo de menosprezar os trabalhadores autônomos. A frase do liberal viralizou no país, que tem os pequenos cafés como símbolo da precariedade no mercado de trabalho.
Conservadores divididos
A campanha conservadora do Partido do Poder Popular também sofreu com disputas internas. A tentativa de substituir Kim Moon-soo por Han Duck-soo, visto como mais competitivo, fracassou e expôs uma articulação considerada antidemocrática até por membros do próprio partido.
Kim ainda tentou negociar uma aliança com o terceiro colocado nas pesquisas, o candidato Lee Jun-seok, do Novo Partido da Reforma, mas foi rejeitado.
Segurança e suposta censura
Desde que sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 2024, Lee Jae-myung ou a fazer campanha cercado por um forte esquema de segurança. Informações reveladas este ano indicam que ele constava em listas de alvos do plano golpista de Yoon, o que intensificou o clima de tensão do pleito.
A instabilidade também se reflete na internet e em espaços públicos. Plataformas como Naver e Baedal Minjok aram a restringir termos politicamente sensíveis, e até o Starbucks sul-coreano proibiu temporariamente que clientes usem nomes de candidatos nos pedidos. As empresas afirmam querer evitar disputas durante a campanha.
Entrevista curiosa
Na tentativa de se aproximar do eleitorado jovem, os principais candidatos participaram do canal da comediante Hong Jin-kyung no YouTube, onde responderam a perguntas pessoais e apresentaram suas principais promessas.
Em um vídeo de prévia das entrevistas, publicado na segunda-feira (26), Hong pergunta a cada candidato sobre seu último beijo. Lee Jae-myung respondeu brincando: “Quem responderia a essa pergunta?”, enquanto Kim disse: “Eu beijo todos os dias”. Já Lee Jun-seok, do Novo Partido da Reforma, ignorou a pergunta com uma risada.
Questionados sobre as principais propostas, Kim reiterou sua promessa de um subsídio de 100 milhões de wons (R$ 412 mil) para cada nascimento de filho.
Lee Jun-seok disse que enfatizaria a educação matemática, enquanto Lee Jae-myung afirmou que erradicaria a “direção anormal”, embora o clipe não tenha explicado especificamente o que o candidato quis dizer.
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