Desenvolvimento humano atinge menor avanço em 35 anos; inteligência artificial é esperança
Relatório de órgão da ONU revela estagnação global e aumento de desigualdades, mas IA pode ser catalisador de progresso
Internacional|Do R7, em Brasília

O avanço do desenvolvimento humano global desacelerou ao ritmo mais lento desde 1990, desconsiderando os anos de crise aguda.
O alerta consta no Relatório de Desenvolvimento Humano de 2025, divulgado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), que atribui parte desse cenário à ausência de recuperação sustentada após os choques de 2020 e 2021.
A estagnação nas projeções do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para 2024 é apontado em todas as regiões. Medido por indicadores de saúde, educação e renda, o IDH revela ainda o aprofundamento das desigualdades entre países com níveis de desenvolvimento diferentes.
Neste domingo (2), o R7 publicou uma galeria sobre os melhores países para se viver. Hoje, o outro lado do ranking elaborado pelo site 24/7 Wall St., com base em dados de saúde, educação e renda, será mostrado nas imagens a seguir. Se as melhores naç...
Neste domingo (2), o R7 publicou uma galeria sobre os melhores países para se viver. Hoje, o outro lado do ranking elaborado pelo site 24/7 Wall St., com base em dados de saúde, educação e renda, será mostrado nas imagens a seguir. Se as melhores nações do mundo apresentam ótimos rendimentos escolares, saúde de qualidade para todos, renda per capita alta, segurança e estabilidade, a realidade dos países do fim da lista é bem diferente. Os últimos colocados se localizam todos no continente africano e têm um histórico de violentos conflitos e guerras, além de uma população com baixa escolaridade e pouca expectativa de vida
Segundo Achim Steiner, do PNUD, o mundo se distanciou das metas previstas até 2030. “Se o fraco avanço observado se consolidar, esse marco pode ser adiado por décadas, aumentando riscos econômicos, sociais e ambientais”, afirma.
Países com IDH baixo enfrentam desafios mais agudos, pressionados por dívidas crescentes, mudanças tecnológicas sem contrapartida em empregos e restrições comerciais.
Pela quarta vez consecutiva, a diferença entre países com IDH Muito Alto e Baixo aumentou, invertendo uma tendência histórica de aproximação.
Há caminhos possíveis
Apesar do quadro global, o relatório também aponta caminhos possíveis. Um dos focos recai sobre o papel da inteligência artificial no redesenho das estratégias de desenvolvimento.
Para o PNUD, o uso responsável da IA pode abrir novas oportunidades em diversas áreas e ajudar a superar gargalos históricos, especialmente em países em desenvolvimento.
Dados de uma pesquisa apresentada no relatório mostram que 60% dos entrevistados acreditam que a IA pode gerar novas ocupações.
Ao mesmo tempo, metade prevê a automação de suas funções atuais, o que revela uma percepção realista, mas também positiva, sobre o impacto da tecnologia.
Nos países com IDH baixo ou médio, 70% veem na IA um fator de aumento de produtividade. Dois terços esperam que a tecnologia esteja presente em atividades de saúde, educação ou trabalho já no próximo ano.
Apenas 13% temem desemprego devido à automação. “A IA não é solução mágica, mas pode redefinir caminhos de progresso”, afirma Pedro Conceição, diretor do relatório.
O PNUD propõe três eixos prioritários:
- Integração entre humanos e máquinas, não competição;
- Participação humana em todas as etapas da IA;
- Atualização de sistemas educacionais e de saúde.
O relatório destaca ainda a urgência de ampliar o o à eletricidade e à internet para garantir inclusão digital.
“Com políticas adequadas e foco nas pessoas, a IA pode ser ponte para novos conhecimentos, habilidades e ideias — empoderando desde agricultores até pequenos empreendedores”, afirma Conceição.
Saiba mais sobre o IDH
O IDH é uma medida criada pelo PNUD que avalia o nível de desenvolvimento de um país a partir de três dimensões fundamentais:
- Saúde: medida pela expectativa de vida ao nascer.
- Educação: avaliada pelos anos médios de estudo da população adulta e pelos anos esperados de escolaridade para crianças.
- Renda: calculada a partir da renda nacional bruta per capita ajustada pela paridade do poder de compra (PPC).
O IDH varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. Países são classificados em quatro grupos:
- Muito alto desenvolvimento humano (IDH ≥ 0,800)
- Alto desenvolvimento humano (0,700 a 0,799)
- Médio desenvolvimento humano (0,550 a 0,699)
- Baixo desenvolvimento humano (IDH < 0,550)
O do Brasil, por exemplo, é de 0,760.
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