Deepfakes preocupam autoridades na Coreia do Sul às vésperas da eleição presidencial
Com avanço das ferramentas de IA, vídeos falsos com tom realista podem ser produzidos em poucos minutos
Internacional|Do R7

A proliferação de vídeos deepfake nas redes sociais está alarmando autoridades sul-coreanas e especialistas, que temem que a tecnologia seja usada para manipular a opinião pública às vésperas da eleição presidencial marcada para 3 de junho.
Mesmo com restrições legais ao uso de conteúdos gerados por inteligência artificial em campanhas eleitorais, plataformas como TikTok e X estão repletas de vídeos falsos que ridicularizam ou atacam os principais candidatos. Entre os alvos estão o líder da oposição, Lee Jae-myung, o ex-ministro da Justiça Han Dong-hoon e o deputado Ahn Cheol-soo.
Um dos vídeos mais vistos, com mais de 1,4 milhão de visualizações, mostra, falsamente, o ex-presidente Yoon Suk Yeol arrancando a peruca de Han. Outro retrata Lee em uma cela de detenção.
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Graças ao avanço das ferramentas generativas de IA, vídeos realistas podem ser produzidos em poucos minutos, mesmo por usuários comuns.
A lei eleitoral sul-coreana, atualizada recentemente, proíbe o uso de conteúdos gerados por IA que sejam difíceis de diferenciar da realidade durante os 90 dias que antecedem a votação. A punição prevista inclui até sete anos de prisão ou multas de até 50 milhões de wons (cerca de R$ 190 mil). No entanto, até o momento, ninguém foi indiciado sob essa nova legislação.
A Comissão Eleitoral Nacional e a polícia sul-coreana estão em estado de alerta. Equipes de investigação foram mobilizadas em 278 distritos eleitorais para monitorar crimes relacionados à campanha, incluindo a disseminação de deepfakes.
Ainda assim, especialistas apontam que as medidas podem ser insuficientes, já que a obrigatoriedade de marca d’água em conteúdos gerados por IA só entra em vigor no próximo ano.
Crise política e eleição antecipada
A eleição presidencial foi antecipada após a destituição do presidente Yoon Suk Yeol.
Yoon foi removido do cargo por violar deveres constitucionais ao decretar, em 3 de dezembro, uma breve lei marcial e ordenar a mobilização de tropas para interromper atividades no Parlamento.
No julgamento do ex-presidente, a promotoria argumentou que Yoon “planejou incitar uma revolta com a intenção de subverter a ordem constitucional”. Entre as evidências citadas estão os planos de Yoon de declarar a lei marcial e o envio de militares ao Parlamento com ordens de quebrar janelas e cortar o fornecimento de energia elétrica.
Em janeiro, Yoon se tornou o primeiro presidente sul-coreano no exercício do cargo a ser preso, por conta do processo penal contra ele, embora tenha sido posteriormente libertado por questões técnicas.
Se for considerado culpado das acusações de insurreição, Yoon poderá ser condenado à prisão perpétua ou até à pena de morte. No entanto, a Coreia do Sul mantém, desde 1997, uma moratória não oficial sobre as execuções.
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