Crise na fronteira, cartéis terroristas, Marte: o que Trump disse em sua posse

O republicano Donald Trump tomou posse nesta segunda-feira (20) como 47º presidente dos EUA, sob aplausos dos convidados presentes. A cerimônia, que ocorreu no Capitólio, em Washington DC, marca o início do segundo mandato de Trump.

Trump volta ao poder fortalecido, com o comando das duas casas do Congresso, uma maioria conservadora na Suprema Corte e uma agenda na qual propõe tolerância zero com a imigração ilegal, além de guerra comercial com outros países e o combate ao que chama do “politicamente correto” em nome da liberdade de expressão.

O republicano começou o discurso afirmando que “a era de ouro dos Estados Unidos começa hoje. Desse dia em diante nosso país irá florescer”. Em seguida, Trump disse que os EUA será “maior, mais forte e muito mais excepcional do que nunca”.

Logo nos primeiros minutos de discurso, Trump não poupou o antecessor democrata, Joe Biden, e criticou o ex-presidente dizendo que a última istração deu “refúgio para criminosos perigosos que vêm de outros lugares do mundo”.

“Nosso governo está enfrentando uma crise de segurança, e as bases da sociedade estão quebradas. Temos um sistema educacional que ensina as crianças a terem vergonha do nosso país. Tudo isso vai mudar a partir de hoje. O declínio da América acabou”, disse Trump.

O presidente afirmou que foi eleito para “reverter completa e totalmente” o que ele chama de “uma traição horrível” daqueles no poder contra o povo americano, acrescentando que ele dará às pessoas “sua fé, sua riqueza, sua democracia e sua liberdade”.

Trump também disse que o dia 20 de janeiro ficará conhecido como “dia da libertação” (liberation day) — expressão usada para se referir a libertação de uma nação ocupada por tropas inimigas durante uma guerra — e que vai iniciar uma revolução do “bom senso”.

Após 16 minutos de fala, Trump abordou a tentativa de assassinato ocorrida em julho de 2024, quando foi ferido durante um comício na cidade de Butler, Pensilvânia.

Refletindo sobre o episódio, o presidente afirmou que nos últimos oito anos foi “testado mais do que qualquer presidente”. Trump diz que foi salvo “por um motivo” - para “tornar a América grande novamente”, disse, utilizando seu conhecido slogan de campanha.

Imigração e cartéis

No discurso, o presidente disse que á, ainda nesta segunda, a ordem executiva que declarará emergência nacional na fronteira dos EUA com o México. Também prometeu expulsar “todos que entrarem de forma ilegal”, mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América e declarar cartéis mexicanos como organizações terroristas.

“Os cartéis que têm espalhado violência e destruição em nosso território serão designados como organizações terroristas estrangeiras. [...] Forças de segurança federais e estaduais serão mobilizadas para desmantelar completamente gangues e redes criminosas internacionais.”

“Prometo declarar uma emergência nacional para interromper todas as entradas ilegais em nosso país. Vamos enviar tropas imediatamente para proteger a nossa fronteira.”

“A política de ‘permanecer no México’ será restabelecida, garantindo que solicitantes de asilo aguardem fora de nosso território enquanto seus casos são analisados”, disse Trump.

Conflitos internacionais

No âmbito internacional, disse que pretende ser um “unificador e um pacificador” e mencionou o acordo de cessar-fogo assinado na semana ada entre Israel e Hamas, para o qual ele reivindica ter tido influência. Mas subiu o tom ao falar da intenção de “retomar o controle” do Canal do Panamá.

Liberdade de expressão

Trump também disse que vai “restaurar a liberdade de imprensa nos Estados Unidos”. Falou que os EUA terão agora “dois gêneros: o feminino e o masculino” e prometeu reintegrar funcionários públicos dispensados por não apresentarem comprovantes de vacinas contra Covid.

“Nunca mais o imenso poder do estado será usado como arma para perseguir oponentes políticos. Restauraremos a justiça justa, igualitária e imparcial sob o estado constitucional de direito”.

O presidente empossado afirmou também que irá uma ordem executiva para acabar com a “censura governamental em plataformas digitais.” “Garantirei que a liberdade de expressão, um direito fundamental de nossa democracia, seja restaurada plenamente”, afirmou Trump.

Corrida espacial

Trump falou também em apoio a empresários e planos expansionistas e falou de lançar astronautas em Marte. “Os Estados Unidos mais uma vez se considerarão uma nação em crescimento, que aumenta nossa riqueza, expande nosso território e carrega nossa bandeira para novos e belos horizontes. Queremos enviar astronautas americanos para plantar as estrelas e listras (da bandeira americana) no planeta Marte”, disse.

Economia e inflação

No seu discurso de posse, Trump afirmou que irá declarar emergência nacional de energia e que irá acabar com o “Green New Deal”, plano lançado no governo Joe Biden com um conjunto de medidas para combater as mudanças climáticas e facilitar o o a energias renováveis.

Segundo Trump, o plano do novo governo é retomar a indústria automotiva americana sem dar prioridade para carros elétricos. Ele ainda reforçou que não terá constrangimento em impulsionar a extração de petróleo ao repetir seguidamente a palavra “perfurar”. Na campanha, o republicano já havia dito que irá promover políticas que incentivarão economicamente o uso de combustíveis fósseis, o que causa apreensão na comunidade científica e em ambientalistas que apontam o risco das mudanças climáticas.

“A independência energética será restaurada, para que os Estados Unidos nunca mais dependam de nações hostis”, afirmou Trump.

O presidente norte-americano afirmou que direcionará o gabinete econômico “a tomar medidas imediatas e eficazes para derrotar a inflação recorde”. “Vamos trabalhar incansavelmente para reduzir rapidamente custos e preços que têm pesado nos bolsos dos americanos.”

Trump também afirmou que planeja criar uma nova agência dedicada a cobrar impostos e outras receitas de fontes estrangeiras, em um claro aceno ao aumento das tarifas de produtos chineses.

Forças Armadas

Sobre o exército norte-americano, Trump afirmou que vai uma ordem para impedir que as forças armadas “sejam submetidas a teorias políticas radicais”. “Chega de experimentos sociais que enfraquecem o foco e a eficácia de nosso Exército”, concluiu Trump.

Sob aplausos, Donald Trump encerrou seu discurso, após anunciar uma série de medidas que havia prometido na campanha - fim de políticas verdes, ofensiva contra imigrantes na fronteira com o México e a promessa de retomar o Canal do Panamá.

“Estou diante de vocês como prova de que vocês nunca devem acreditar que algo é impossível de fazer. Na América, fazer o impossível é o que fazemos melhor”, disse ele.

Ele conclui dizendo que a América não será conquistada ou intimidada “Não falharemos. Deste dia em diante, os Estados Unidos da América serão uma nação livre, soberana e independente”, diz ele. “O futuro é nosso e nossa era de ouro apenas começou.”