Como foram as 10 operações mais ousadas da Ucrânia na guerra contra a Rússia

Com 18% do território ocupado e um poder de fogo muito inferior ao da Rússia, a Ucrânia não pode se dar ao luxo de errar. Não tem estoques infinitos, nem pode contar com força esmagadora para vencer batalhas. A estratégia de Kiev a por coordenação precisa, uso intensivo de inteligência, criatividade operacional e ações arriscadas, muitas vezes atrás das linhas inimigas, dentro do território russo.

Se por um lado sistemas de defesa aérea como o Patriot e o IRIS-T ajudam a proteger as cidades ucranianas contra mísseis e drones russos, por outro, ataques coordenados no coração da Rússia são essenciais para tentar enfraquecer o Kremlin e dar sinais de esperança aos ucranianos.

Nos últimos três anos, Kiev colecionou uma série de ofensivas que combinam audácia e risco extremo. Veja dez das mais ousadas operações ucranianas até agora:

1 - Ilha da Cobra

No primeiro dia da invasão, a Rússia ocupou a Ilha da Cobra, um pequeno ponto no Mar Negro com alto valor estratégico. Comandos ucranianos realizaram uma operação de infiltração, destruíram instalações russas e retomaram a ilha. A vitória teve peso simbólico e prático, já que abriu caminho para a retomada do controle sobre o noroeste do Mar Negro.

2 - Aeroporto de Hostomel

A Rússia tentou encerrar a guerra nos primeiros dias com um ataque relâmpago ao aeroporto de Hostomel, perto de Kiev. O plano falhou após dois dias de intensos combates com tropas da Guarda Nacional ucraniana. A resistência do exército de Volodymyr Zelensky impediu a tomada rápida da capital e postergou um póssível fim repentino da guerra.

3 - Naufrágio do Moskva

Em abril de 2022, a Ucrânia afundou o navio almirante da Frota Russa do Mar Negro com dois mísseis Neptune, auxiliados por drones Bayraktar. Foi a primeira vez que um grande cruzador de mísseis foi destruído em combate desde a Segunda Guerra Mundial. A perda desorganizou a coordenação naval russa e abriu caminho para a retomada da Ilha da Cobra.

4 - Contraofensiva de Kherson

Em novembro de 2022, a Ucrânia reconquistou Kherson, única capital regional tomada pela Rússia na época. A vitória veio após semanas de ataques cirúrgicos que isolaram tropas russas. Embora a Ucrânia estivesse em posição de capturar até 30 mil soldados, optou por não fazê-lo após pressão dos EUA, segundo relatos.

5 - Kharkiv e Izyum

Em setembro de 2022, a Ucrânia lançou uma contraofensiva-relâmpago no nordeste do país. Em poucos dias, recuperou mais de 12 mil km², forçando a retirada desorganizada das tropas russas. O sucesso foi resultado de movimentos de engano, inteligência precisa e uso combinado de tropas mecanizadas e forças especiais.

6 - Ataques à Ponte da Crimeia

Símbolo da ocupação russa e principal via de abastecimento para o sul da Ucrânia, a ponte que liga a Rússia à Crimeia foi atacada três vezes. O golpe mais recente, em junho de 2025, envolveu 1.100 kg de explosivos colocados nos pilares submersos por mergulhadores da inteligência ucraniana. A estrutura permanece inoperante.

7 - Missões em Azovstal

Durante o cerco russo a Mariupol, pilotos ucranianos realizaram missões de ressuprimento à siderúrgica Azovstal, último reduto dos defensores. Voando em baixíssima altitude e sob fogo pesado, conseguiram entregar mantimentos e resgatar feridos. Muitos desses pilotos sabiam que talvez não voltassem. Viraram heróis nacionais.

8 - Abate de um A-50U russo

Em janeiro de 2024, a Ucrânia derrubou um A-50U, avião de alerta aéreo avançado russo. Segundo fontes ocidentais, o feito envolveu um sistema S-200 soviético adaptado a tecnologias modernas como o Patriot. O impacto foi imediato no conflito, com queda nos ataques aéreos e recuo das operações russas no front.

9 - Invasão em Kursk

Em agosto de 2024, tropas ucranianas cruzaram a fronteira e tomaram mais de 1.300 km² da região russa de Kursk. A operação durou meses, causou humilhação internacional para Moscou e obrigou a Rússia a redistribuir tropas em frentes importantes. Foi o primeiro avanço estrangeiro na Rússia desde 1945.

10 - Operação Teia de Aranha

A operação secreta, batizada de “Teia de Aranha”, utilizou drones de curto alcance lançados de dentro do território russo para atingir quatro bases militares estratégicas, incluindo a base de Belaya, situada a cerca de 4.850 km de Kiev, na Sibéria. A missão ocorreu no último domingo (1).

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky classificou a ofensiva como “absolutamente brilhante” e afirmou que, dos 41 aviões atingidos, “metade não pode ser reparada”. Embora autoridades russas tenham fornecido poucos detalhes, imagens de satélite verificadas pela Reuters mostram bombardeiros estratégicos, como os Tupolev Tu-95 e Tu-22M3, completamente destruídos.

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