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Como a ditadura de Kim Jong-un ameaça animais em extinção na Coreia do Norte

País opera fazenda de animais selvagens e se envolve no comércio ilegal de espécies protegidas pelas suas próprias leis

Internacional|Do R7

País cria ursos para extrair sua bílis, usada na medicina local Joshua Elves-Powell

A ditadura de Kim Jong-un está envolvida em comércio ilegal de animais selvagens, que inclui espécies protegidas por suas próprias leis. A prática já é vista como uma ameaça à recuperação da biodiversidade na Coreia do Norte, segundo um novo estudo divulgado agora.

A Coreia do Norte possui um sistema regulatório de áreas e espécies protegidas, no entanto, ele é regularmente violado por pessoas que caçam e capturam animais selvagens para consumo pessoal ou comércio no mercado negro, seja internamente ou para venda a compradores na China.

Além disso, o próprio Estado norte-coreano está envolvido e lucra com a captura e o comércio de espécies ameaçadas de extinção, protegidas pela legislação nacional ou internacional. Entre as espécies protegidas relatadas como parte do comércio estatal de vida selvagem, estão o urso-negro-asiático, o goral-de-cauda-longa e a lontra-eurasiana.

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Comércio de vida selvagem

Desertores norte-coreanos que participaram do estudo, publicado na Biological Conservation, relataram que a ditadura de Kim Jong-un recebe animais selvagens e partes de seus corpos de caçadores sancionados pelo estado e de comunidades locais.


Isso inclui espécies legalmente protegidas na Coreia do Norte, como gorais-de-cauda-longa – mamíferos com cascos semelhantes a cabras – e lontras-eurasianas. Essas espécies têm sido usadas no país, por exemplo, como peles na fabricação de roupas de inverno.

O governo norte-coreano também opera fazendas de animais selvagens, incluindo lontras, faisões, veados e ursos-negros asiáticos. Acredita-se que a Coreia do Norte tenha começado a criar ursos para extrair sua bílis no século XX, antes que a prática se espalhasse para a China e a Coreia do Sul. A bílis de urso tem sido usada em várias medicinas tradicionais asiáticas, como a coreana e a chinesa.


A China é o principal mercado internacional para o comércio de animais selvagens da Coreia do Norte, com produtos como carne, peles e partes de corpos para uso na medicina tradicional.

Parte desse comércio viola os compromissos da China como parte da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagens em Perigo de Extinção (Cites) e membro do Conselho de Segurança da ONU. A Resolução 2397, por exemplo, proíbe a exportação de alimentos da Coreia do Norte.


Consumo interno

Além disso, as dificuldades econômicas contribuem para impulsionar o comércio ilegal de animais selvagens na própria Coreia do Norte. Há relatos de que uma grande variedade de animais é caçada e capturada para obtenção de carne, para uso na medicina tradicional, para proteção de plantações ou gado doméstico, ou para venda no mercado negro.

“Um caçador pode se envolver simultaneamente no comércio sancionado pelo Estado e no mercado negro. Por exemplo, a pele de um animal como uma raposa-vermelha pode ser entregue ao Estado, mas também pode ser vendida a intermediários norte-coreanos para contrabando através da fronteira entre a Coreia do Norte e a China. O caçador pode ficar com a carne do animal – um valioso recurso alimentar – para sua família ou tentar vendê-la localmente”, diz o biólogo Joshua Elves-Powell, autor principal do estudo.

Quando a economia da Coreia do Norte entrou em colapso na década de 1990, precedendo uma grande fome que pode ter matado entre 600 mil e um milhão de pessoas, a economia informal do país cresceu rapidamente, à medida que cidadãos comuns aram a comprar e vender produtos, incluindo animais selvagens, para fornecer recursos alimentares essenciais e gerar renda.

Embora as condições econômicas na Coreia do Norte tenham melhorado desde então, os pesquisadores não encontraram evidências de que o comércio ilegal de animais selvagens tenha acabado.

Extinção de espécies

A caça extensiva de animais selvagens pela Coreia do Norte tem consequências sérias para as populações de animais selvagens do país, com evidências de que quase todas as espécies de mamíferos nativos maiores que meio quilo foram alvos de alguma forma.

Uma espécie nativa de marta, muito procurada por caçadores norte-coreanos por sua pele, pode ter sido praticamente extinta no país. Há preocupações semelhantes em relação aos tigres-siberianos e aos leopardos-de-amur, enquanto as populações de veados também teriam sido severamente reduzidas devido à caça.

Os pesquisadores alertam que se a exploração na Coreia do Norte continuar a representar um risco para as populações de animais selvagens, isso poderá ameaçar a recuperação da biodiversidade em toda a região.

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