Chefe da ONU alerta sobre ordem mundial 'cada vez mais caótica'

Ele encorajou os líderes a enfrentarem a mudança climática e disse que realizará uma cúpula sobre o tema no ano que vem

25/09/2018 - 14h27 (Atualizado em 22/02/2024 - 06h17)

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alertou líderes nesta terça-feira que a ordem mundial está "cada vez mais caótica", que a confiança está perto de uma ruptura e que mudanças no equilíbrio de poder podem aumentar o risco de confrontos, embora não tenha dado nomes.

Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se preparava para defender a soberania de seu país na reunião anual de líderes mundiais, Guterres disse à Assembleia-Geral de 193 membros que o multilateralismo está sob ataque quando é mais necessário.

"Líderes individuais têm a tarefa de fomentar o bem-estar de seu povo", disse Guterres. "Mas isso vai mais fundo... como guardiões do bem comum, também temos a tarefa de promover e apoiar um sistema multilateral reformado, revigorado e fortalecido."

Ele também pediu um compromisso renovado com uma ordem baseada em regras que tenha a ONU em seu centro. E alertou para a propagação de "políticas de pessimismo".

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"Aqueles que veem seus vizinhos como perigosos podem provocar uma ameaça onde não havia nenhuma. Aqueles que fecham suas fronteiras à migração convencional só alimentam o trabalho de traficantes", afirmou Guterres. "E aqueles que ignoram os direitos humanos combatendo o terrorismo tendem a cultivar o mesmo extremismo que estão tentando extinguir."

Ele exortou os líderes a enfrentarem a mudança climática imbuídos de mais ambição e urgência e disse que realizará uma cúpula sobre o tema em setembro do ano que vem. O governo Trump se desligou de um acordo global para reduzir emissões no ano ado.

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"Se não mudarmos de rota nos próximos dois anos, corremos o risco de uma mudança climática desenfreada", afirmou o secretário-geral.

Veja a galeria: Confira os destaques dos discursos dos líderes mundiais na ONU

Teve início nesta terça-feira (25), a 73ª Assembleia Geral da ONU. Seguindo a tradição, o presidente brasileiro Michel Termer foi o primeiro a se pronunciar. Temer destacou o papel do brasil na crise dos imigrantes venezuelanos. "Estamos em meio a onda migratória de grandes proporções. Estima-se em mais de um milhão os venezuelanos que já deixaram seu país em busca de condições dignas de vida. O Brasil tem recebido todos os que chegam a nosso território. São dezenas de milhares de venezuelanos a quem procuramos dar toda a assistência.", afirmou

O presidente do Equador, Lenin Moreno, foi o segundo a falar na Assembleia. Moreno, que é cadeirante, chamou a atenção para a ibilidade de pessoas com deficiência. "Não haverá paz a menos que celebremos a inclusão", afirmou. O presidente equatoriano também chamou atenção para a causa dos imigrantes venezuelanos. Ele também se posicionou contra o embargo dos EUA a Cuba

Donald Trump deveria ter sido o segundo a falar, mas se atrasou. O presidente norte-americano demonstrou seu afastamento dos órgãos multilaterais, como a própria ONU. "Os EUA são governados pelos norte-americanos" e "rejeita a ideologia do globalismo", afirmou Trump. Ele disse ainda que seu país irá receber menos imigrantes a partir de agora e criticou o governo do Irã, a quem chamou de "ditadura corrupta". Trump ainda agradeceu a Kim Jong Un, mas seu discurso não mencionou a Rússia

O presidente da Turquia, Tayyp Erdogan, que foi o próximo a falar, já iniciou seu discurso fazendo pequenas críticas a seu antecessor no palco, Donald Trump, por conta da decisão norte-americana de parar de enviar ajuda para a palestina. O discurso de Erdogan foi voltado para a questão da migração global, já que a Turquia é um dos países que mais recebe imigrantes, em todo mundo. A Turquia é o lar de 2,6 milhões de refugiados. "Nosso mundo precisa de liderança global e responsabilidade conjunta mais do que nunca", disse ele.

Já o presidente mexicano Enrique Pieña Nieto participou de sua última Assembleia Geral, já que em novembro o novo presidente Manuel López-Obrador assume o cargo. Ele falou sobre a violência das gangues que ameaçam seu país. "Reconhecemos que nosso país ainda enfrenta grandes desafios para os direitos humanos", afirmou

Emmanuel Macron utilizou seu discurso na Assembleia Geral para criticar atitudes "isolacionistas, protecionistas e unilaterais". O presidente francês disse que a ONU corre o risco de se tornar um símbolo vazio, mas que os líderes presentes não podem deixar isso acontecer. "Esta ordem mundial falhou em sua própria regulação. Questões econômicas, financeiras, ambientais e climáticas permanecem pendentes até hoje", disse Macron. "Falhou porque nossa capacidade coletiva de enfrentar essa crise é muitas vezes dificultada pelas divisões no conselho de segurança"

O presidente do Peru, Martin Vizcarra fez seu primeiro discurso na Assembleia Geral chamando a atenção para a corrupção. Vizcarra assumiu a presidência depois que seu antecessor Pedro Pablo Kuczynski renunciou após um escândalo. "Promoveremos ações determinadas pela Assembleia Geral para todos os estados no combate à corrupção", disse. Vizcarra também chamou a atenção para as mudanças climáticas. "Todos nós temos a obrigação moral de proteger nosso planeta para as gerações futuras"

O presidente do Irã, Hassan Rouhani falou ainda durante as sessões da manhã. No início do dia, seu país recebeu diversas críticas de Donald Trump. Sem citar o nome do norte-americano, ele fez duras críticas. "Confrontar o multilateralismo não é um sinal de força, mas sim um sintoma de uma fraqueza do intelecto". Na sequência, ele condenou a saída unilateral dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã. Ele chamou a decisão de irregular. "Sanções ilegais e unilaterais constituem, em si mesmas, uma forma de terrorismo econômico", declarou

Teve início nesta terça-feira (25), a 73ª Assembleia Geral da ONU. Seguindo a tradição, o presidente brasileiro Michel Termer foi o primeiro a se pronunciar. Temer destacou o papel do brasil na crise dos imigrantes venezuelanos. "Estamos em meio a onda migratória de grandes proporções. Estima-se em mais de um milhão os venezuelanos que já deixaram seu país em busca de condições dignas de vida. O Brasil tem recebido todos os que chegam a nosso território. São dezenas de milhares de venezuelanos a quem procuramos dar toda a assistência.", afirmou