Candidato pró-Rússia é detido suspeito de formar organização fascista na Romênia
Calin Georgescu, que venceu o primeiro turno das eleições presidenciais anuladas em 2024, também enfrenta suspeitas de promover informações falsas
Internacional|Do R7

O político de direita Calin Georgescu, que venceu o primeiro turno das eleições presidenciais de 2024 na Romênia antes delas serem anuladas por suspeita de interferência russa, foi detido pela polícia nesta quarta-feira (26).
Em uma publicação no Facebook, a equipe de Georgescu disse que, horas antes de ser detido, ele foi parado no trânsito da capital, Bucareste, quando se preparava para registrar sua candidatura para as novas eleições presidenciais, marcadas para 4 de maio.
O Ministério Público da Romênia confirmou que o político está sob investigação formal por uma série de acusações graves, incluindo a criação de uma “organização fascista, racista ou xenófoba”, promoção de criminosos de guerra, disseminação de informações falsas e formação de um grupo antissemita.
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De acordo com o jornal britânico The Guardian, uma operação policial relacionada à investigação revistou 47 endereços ligados a associados do político, como o chefe de segurança dele, Horațiu Potra.
Georgescu, que até recentemente era pouco conhecido no cenário político romeno, surpreendeu ao avançar para o segundo turno das eleições presidenciais, em novembro do ano ado. Ele disputaria o pleito com Elena Lasconi, líder centrista pró-União Europeia.
As eleições, no entanto, foram anuladas pelo tribunal superior do país logo depois. A decisão, que visava “garantir a legalidade do processo eleitoral”, ocorreu após relatórios de inteligência apontarem ataques híbridos da Rússia, incluindo uma campanha de bots russos no TikTok. Moscou nega qualquer envolvimento.
Reação e polêmica
Georgescu, crítico ferrenho da OTAN e do apoio ocidental à Ucrânia, reagiu às acusações chamando a anulação das eleições de “golpe de estado formalizado” e a investigação de uma tentativa de “inventar evidências” para barrar sua candidatura.
“Não vou desistir. Conto com o apoio de vocês”, disse Georgescu em uma outra publicação no Facebook nesta quarta-feira. Ele acusou as autoridades do país de perpetuar um “sistema comunista bolchevique” e afirmou lutar por uma “Romênia democrática e livre”.
A detenção e as investigações ocorrem em um momento de alta tensão política. Milhares de apoiadores de Georgescu protestaram em Bucareste no último sábado (22), e novos atos ocorreram nesta quarta em frente ao gabinete do promotor, segundo o The Guardian.
A decisão de anular as eleições do ano ado também gerou críticas internacionais. O vice-presidente dos EUA, JD Vance, chamou as suspeitas de interferência russa de “frágeis” e sugeriu pressão externa sobre a Romênia.
Já o bilionário Elon Musk classificou a situação em uma postagem no X como “uma bagunça” e criticou o judiciário romeno, embora tenha errado ao afirmar que Georgescu foi preso -- ele foi apenas detido e interrogado.
Georgescu, que já elogiou líderes fascistas romenos dos anos 1930 e o presidente russo Vladimir Putin, lidera as pesquisas para a eleição de maio, mas sua participação ainda é incerta devido às investigações. A promoção de símbolos ou ideais fascistas, racistas ou xenófobos é crime na Romênia, ível de prisão, embora raramente levado a julgamento.
O primeiro-ministro Marcel Ciolacu defendeu a independência do judiciário em uma publicação nas redes sociais. “A lei deve ser aplicada independentemente das pessoas”, disse.