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Amazônia peruana pode nunca mais se regenerar após exploração ilegal de ouro

Novo estudo aponta perda de umidade como barreira invisível à recuperação ambiental após atividades garimpeiras

Internacional|Do R7, em Brasília

Exploração de ouro pode ter prejudicado permanentemente a Amazônia peruana Presidência do Conselho de Ministros do Peru/Divulgação

Pesquisadores identificaram um obstáculo até então negligenciado na regeneração das florestas da Amazônia peruana após a mineração de ouro: o desaparecimento da água do solo.

A descoberta, publicada no site da revista Nature, ajuda a explicar por que áreas desmatadas não voltam a se recuperar, mesmo com tentativas de reflorestamento.

Segundo a equipe, liderada pela cientista Abra Atwood, do Woodwell Climate Research Center, a prática da mineração por sucção altera profundamente a estrutura da terra.

Diferente de métodos de escavação, essa técnica utiliza jatos d’água de alta pressão para soltar o solo e separar o ouro, arrastando junto a camada rica em nutrientes. No lugar, formam-se grandes montes de areia e lagoas rasas.


Esses montes, semelhantes a dunas, deixam de reter água, permitindo que a chuva escoe rapidamente e dificultando a sobrevivência de novas plantas.

Os dados de sensores instalados nas áreas mineradas mostram que o solo seco atinge temperaturas próximas a 60 °C, criando um ambiente hostil para qualquer tipo de vegetação.


“É como plantar uma árvore em um forno”, comparou Josh West, geocientista da Universidade do Sul da Califórnia (USC) e coautor do estudo. “Mesmo onde houve replantio, as mudas não conseguem sobreviver.”

O grupo utilizou drones, sensores térmicos e imagens de resistividade elétrica para comparar o comportamento do solo em áreas afetadas e em florestas preservadas.


A diferença é marcante: nos terrenos modificados, a água infiltra até cem vezes mais rápido, mas evapora com igual velocidade. As raízes não conseguem se desenvolver, e o calor agrava o estresse das plantas.

Fronteira do Peru com Brasil e Bolívia

A pesquisa analisou dois locais na região de Madre de Dios, fronteira do Peru com Brasil e Bolívia, onde o garimpo causou destruição de larga escala. Entre 1980 e 2017, mais de 95 mil hectares de floresta desapareceram, área equivalente a sete cidades do porte de São Francisco, nos Estados Unidos.

Além de comprometer a biodiversidade, o avanço da mineração afeta diretamente comunidades indígenas e reservas ambientais, como a de Tambopata. Na escala amazônica, estima-se que a extração de ouro represente cerca de 10% do desmatamento.

O grupo sugere medidas práticas para estimular a regeneração: nivelar os montes de areia e recompor o relevo próximo ao lençol freático pode aumentar a retenção de umidade e melhorar as condições para o crescimento das árvores. Embora a erosão natural possa contribuir ao longo do tempo, o processo é lento demais diante da degradação contínua.

“A floresta amazônica não tem substituto”, alertou West. “Trata-se de um sistema vital e único. Ignorar sua fragilidade é um risco que não podemos correr.”

A equipe envolveu especialistas de instituições como a Universidade Columbia, a Universidade Estadual do Arizona e a Universidad Nacional de San Antonio Abad del Cusco. O estudo reforça a necessidade de repensar estratégias de recuperação ambiental em áreas degradadas por mineração.

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