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BRASILEIRO 2022

O futebol brasileiro joga na contramão

Até que voltemos a produzir jogadores capazes de destruir sistemas e táticas na base do improviso, será preciso dar um F5 nos conceitos e na forma de se ver e fazer futebol

Seleção brasileira|Por Maurício Noriega

Seleção brasileira enfrentou o Equador pelas Eliminatórias da Copa do Mundo Rafael Ribeiro/CBF

É óbvio que Carlo Ancelotti não conseguiria resgatar o futebol brasileiro em 90 minutos. Quem esperava alterações dramáticas na seleção com a simples presença do italiano no banco, terá que aguardar mais.

Ancelotti é extremamente competente, mas não é milagreiro. Talvez precise ser, mais do que um treinador, uma espécie de arqueólogo.

O futebol brasileiro que ganhou cinco Copas do Mundo e encantou milhões pelo planeta não existe mais. É uma relíquia. Assim como os grandes impérios vieram e foram, o futebol brasileiro veio, viu, venceu e foi embora.

Aquele futebol do jogo bonito, dos jogadores geniais e imprevisíveis é um tesouro do ado. O problema do futebol brasileiro é conceitual. Gastamos saliva falando em primeiro volante que marca e segundo que sai, em meias criativos e organizadores, quando o mundo vive em outra dimensão de futebol. Jogamos na contramão do que se faz nos melhores centros.


O setor mais problemático da seleção e do futebol brasileiro é o meio-campo. Não existe mais volante, meia. Há o meio-campista. O jogador que atua de forma dinâmica e total. Ele precisa jogar com e sem a bola, tem que saber atacar e defender.

Enquanto no Brasil persistir a ideia de que é preciso ter um volante brucutu que dedique sua existência a marcar, destruir e cobrir laterais e zagueiros, seguiremos na contramão da história.


Os grandes talentos são cada vez mais raros. Até que voltemos a produzir jogadores capazes de destruir sistemas e táticas na base do improviso, será preciso dar um F5 nos conceitos e na forma de se ver e fazer futebol.

Quem assistiu Espanha e França pela Liga das Nações, entendeu. Há talentos, mas há ideias, dinâmicas e intensidade que o Brasil não tem. Não adianta sonhar com o 10 canhoto clássico e elegante, ou o 8 destro que chega na área e o 9 que nenhuma defesa segura. O desafio maior de Ancelotti será mudar o conceito de meio-campo brasileiro.

É possível fazer um grande filme apenas com bons atores coadjuvantes. Embora sejam as estrelas que muitas vezes salvam filmes com roteiros cheios de falhas e buracos. A bola está com o diretor. Que Ancelotti, que fez ponta como ator em filme de ficção científica, seja inspirado por Fellini e faça um Futebol Novo.

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