Metade das exportações para Europa e China enfrentam barreiras comerciais, diz CNI
Dos US$ 151 bilhões vendidos, quase US$ 80 bilhões estão expostos aos barreiras; valor é 23% das exportações do Brasil em 2023
Economia|Carlos Eduardo Bafutto, do R7, em Brasília

Um levantamento divulgado nesta sexta-feira (22) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) aponta que dos US$ 151 bilhões vendidos pelo Brasil para União Europeia e China, quase US$ 80 bilhões estão expostos a barreiras comerciais. De acordo com a entidade, o montante equivale a 23% do valor das exportações brasileiras em 2023.
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O estudo, chamado de Relatório de Barreiras Comerciais Identificadas pelo Setor Privado Brasileiro, apontou 85 entraves às exportações brasileiras em 2024. No ano ado, foram identificados 77 obstáculos. O relatório foi entregue ao governo brasileiro nesta semana e mostra que 18 barreiras comerciais estão concentradas na União Europeia. Na China são sete e no Japão outras sete. Ainda de acordo com o levantamento, a Argentina apresenta seis, Arábia Saudita e México cinco cada, Índia quatro, Estados Unidos quatro, Colômbia três e Uruguai três.
A CNI explica que “as barreiras ao comércio internacional podem surgir em forma de lei, regulamento, política, medida ou prática governamental que imponham restrições ao o de produtos, serviços ou investimentos estrangeiros em um mercado”. De acordo com a confederação, as restrições têm assumido novas formas e as práticas podem ser adotadas em diferentes fases do processo de comércio exterior. “Por exemplo, com a cobrança de requisitos excessivos na saída da mercadoria do país de produção ou na entrada do produto no mercado comprador”, afirma a CNI.
Ainda segundo o relatório, os principais tipos de barreiras identificadas são sanitárias e fitossanitárias, com 22 registradas. Há ainda restrições referentes a regulamento técnico (17), imposto de importação (17), além de nove referentes a sustentabilidade e cinco de licenciamento de importação.
Balança comercial brasileira registra saldo positivo de US$ 9 bilhões em abril
A balança comercial brasileira teve saldo positivo de US$ 9,041 bilhões em abril, divulgou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços nesta quarta-feira (8). Em comparação com abril de 2023, as exportações cresceram 14,1% — aram de US$ 27,1 bilhões para US$ 30,92 bilhões.
A expansão foi puxada, principalmente, pelo crescimento nas vendas de animais vivos, não incluído pescados ou crustáceos (184,2%), café não torrado (75,6%) e algodão bruto (316,8%), na agropecuária; de minério de ferro e concentrados (9,2%), cobre e concentrados (48,4%) e óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos crus (92,4%), na indústria extrativa; e de carne bovina (79,4%), açúcares e melaços (110,9%) e óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos (exceto óleos brutos) (125,9%), na indústria de transformação.
No acumulado entre janeiro e abril, em comparação ao mesmo período de 2023, as exportações cresceram 5,7% e somaram US$ 108,85 bilhões. As importações aumentaram 2,2% e totalizaram US$ 81,11 bilhões.
Exportações por setor
Em relação aos grandes setores econômicos, houve queda de US$ 0,7 bilhões (-7,9%) nas exportações da agropecuária. Por outro lado, os resultados mostram crescimento de US$ 2,47 bilhões (48,6%) nas da indústria extrativa e de US$ 2,15 bilhões (16,6%) na venda de produtos da indústria de transformação ao exterior.
Principais parceiros comerciais
As exportações para a Argentina caíram 34,1% e somaram US$ 1,10 bilhões. Já as importações aumentaram 36,7% e totalizaram US$ 1,22 bilhões. A balança comercial com o país vizinho, portanto, teve saldo negativo de US$ 0,12 bilhões e a corrente de comércio diminuiu 9,5%, alcançando US$ 2,31 bilhões.
Para a China, Hong Kong e Macau, as exportações cresceram 7,5% e somaram US$ 9,91 bilhões. Por outro lado, as importações subiram 20,4% e totalizaram US$ 4,74 bilhões. O saldo para o Brasil foi, portanto, positivo em US$ 5,17 bilhões.
O total de vendas aos Estados Unidos, em abril, cresceu 14,0% e somou US$ 2,96 bilhões. As importações subiram 2,2% e totalizaram US$ 3,32 bilhões. O saldo foi, desse modo, negativo para o Brasil: US$ -0,37 bilhões.
Já as vendas para a União Europeia cresceram 39,3% e chegaram US$ 4,87 bilhões. Por outro lado, as importações aumentaram 5,5% e totalizaram US$ 3,87 bilhões. O saldo positivo na relação comercial com os europeus foi, portanto, de US$ 1 bilhão.