Tentativa de golpe: Cid pede ao STF para ser liberado de interrogatórios dos demais réus
No pedido, a defesa afirma que ele já prestou depoimento, ‘não tendo mais nada a acrescentar ou esclarecer’
Brasília|Gabriela Coelho e Victoria Lacerda, do R7, em Brasília

O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) para ser dispensado das demais audiências de interrogatório que ocorrem nesta semana. O militar, por ter feito delação, foi o primeiro a responder às perguntas nesta segunda-feira (9).
No pedido, a defesa afirma que já prestou depoimento, “não tendo mais nada a acrescentar ou esclarecer ao Juízo, permanecendo, evidentemente, à disposição para qualquer outro esclarecimento que se fizer necessário”.
Durante o interrogatório, o militar detalhou o envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro nas articulações golpistas após a derrota nas eleições de 2022. Ele falou sobre reuniões com militares, ree de dinheiro, tentativa de sustentar manifestações em frente aos quartéis e a existência de uma minuta de decreto para anular o resultado das urnas.
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Segundo Mauro Cid, Bolsonaro não apenas recebeu como também leu e editou a minuta que previa a anulação das eleições de 2022. Entre as mudanças feitas pelo ex-presidente estava a retirada de trechos que determinavam a prisão de diversas autoridades.
“Sim, senhor. Recebeu e leu. De certa forma, enxugou o documento, retirando as autoridades das prisões. Somente o ministro Alexandre de Moraes ficaria preso.”
Cid relatou que reou dinheiro em espécie ao major Rafael de Oliveira, por ordem do general Walter Braga Netto, então ministro da Defesa. O valor, entregue em uma caixa de vinho no Palácio da Alvorada, seria para financiar atividades relacionadas às manifestações golpistas.
“O general Braga Netto apareceu com a quantia. Eu recebi no Alvorada e ei para o major Júlio Dias. Minha ideia é que esse dinheiro vinha do agronegócio, que estava ajudando a manter as manifestações.”
Cid mencionou que o brigadeiro Batista Júnior, então comandante da Aeronáutica, rejeitou qualquer conversa sobre medidas antidemocráticas e “cortava qualquer tipo de conversa nesse sentido”.
“De certa forma, ele não queria nem ouvir nenhuma opinião. Já cortava de imediato.”
Segundo Cid, o ex-presidente trabalhava com duas hipóteses: encontrar uma fraude nas urnas ou, com apoio popular, usar isso como justificativa para um decreto de estado de defesa.
“Sempre se teve a ideia de que, até o final do mandato, aparecesse uma fraude real. Mas não apareceu. Tudo ficou no campo da estatística.”
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