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R7 Brasília

Tensão nuclear entre Israel e Irã desafia coerência da política externa brasileira

Historicamente, Brasil se relaciona bem com os dois países, mas a críticas recentes do governo podem ter abalado relação com Israel

Brasília|Giovana Cardoso, do R7, em Brasília

Ataques ao Irã foram feitos na noite da última quinta-feira (12) Reprodução/Instagram @IDF

O mais novo episódio do conflito no Oriente Médio entre Irã e Israel e as ameaças de uma possível guerra nuclear causam tensão e preocupação entre as principais potências mundiais. No Brasil, o governo tenta ocupar um papel de destaque na mediação das crises mundiais. Entretanto, segundo especialistas, a posição do Brasil tende a ser pouco relevante no tema, sobretudo devido a posicionamentos recentes sobre os confrontos.

Para o doutor em relações internacionais Igor Lucena, o momento é ideal para o governo brasileiro adotar uma posição firme em defesa da democracia no cenário internacional. O especialista acredita que posições anteriores, em geral, de críticas ao governo israelense, prejudicaram a imagem do país na diplomacia.

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“O Irã fala abertamente sobre a destruição do povo de Israel, enquanto Israel jamais pregou algo parecido — sua postura tem sido de defesa contra os ataques iranianos. Este seria um momento importante para o Brasil adotar uma posição firme em defesa da democracia no cenário internacional. Mas, infelizmente, não acredito que isso vá acontecer”, pontua.

Em complemento, a especialista em relações internacionais Natali Hoff ressalta que as últimas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desagradaram o governo israelense.


“Considerando o relacionamento atual do Brasil com os dois países [Irã e Israel], é inegável que, nesse momento, o Brasil tem um relacionamento muito estremecido com Israel. Então, o governo Lula tem sido bastante enfático em condenar as ações de Israel em Gaza, que vem promovendo ações que contrariam o direito internacional”, disse.

A analista entende que a posição do governo brasileiro deve ser uma posição de defesa do diálogo, com possíveis condenações à política israelense. Historicamente, o Brasil tem boas relações diplomáticas tanto com Israel quanto com o Irã.


Na sexta-feira (13), o governo brasileiro manifestou oposição ao bombardeio israelense contra o Irã. Em nota oficial, o Itamaraty classificou a ação como violação à soberania iraniana e destacou o potencial desestabilizador da ofensiva para a região e para a economia mundial.

“Ataques dessa natureza ameaçam ampliar o conflito e comprometem a segurança internacional”, afirma o comunicado. O Brasil convocou os envolvidos a adotar postura de contenção e a interromper confrontos imediatamente. O presidente Lula ainda não falou publicamente sobre o tema.


Impactos no Brasil

Em relação aos possíveis impactos para o Brasil, especialistas avaliam que as consequências vão depender do desenrolar do conflito.

“Se esse conflito perdurar, depende de como ele vai afetar a economia internacional, porque o Irã é um grande produtor de petróleo. A gente não tem um impacto direito, mas são parceiros importantes. Por mais que a gente tenha uma relação conturbada com Israel, ainda exportamos tecnologia militar, de segurança”, comenta Hoff.

Ela avalia que os impactos surgem conforme a guerra escala e afeta a economia internacional. Entretanto, mesmo assim, não seria um impacto tão forte para o Brasil.

Guerra nuclear

Com o risco do uso de armas nucleares pelos dois lados, a Agência Internacional de Energia Atômica, ligada à ONU (Organização das Nações Unidas), emitiu um comunicado alertando para a possibilidade da liberação de materiais radioativos durante os conflitos e informou ser “preocupante” o desenvolvimento dos fatos.

Há décadas, o governo dos EUA e de Israel apontam os riscos do possível uso de armamentos nucleares pelo Irã, o que, até o momento, não se concretizou. Por isso, segundo Hoff, algumas comunidades internacionais acreditam que o governo iraniano não tem, de fato, um armamento nuclear de prontidão.

Em um contexto histórico, esse tipo de material é usado como recurso de poder, com uma alta capacidade destrutiva, que visa uma estratégia dissuasória, ou seja, tem por objetivo que alguma nação mude de opinião ou desista de algo.

Lucena entende que a partir do momento que esse material for usado no conflito, as nações envolvidas podem perder apoio diplomático e financeiro de outras potências, causando um isolamento.

“Não acredito que haja risco de uso de armas nucleares neste conflito. No caso de Israel, trata-se de um confronto contra um inimigo muito mais fraco. Então, não faz sentido utilizar esse tipo de armamento agora, especialmente diante da atual conjuntura envolvendo o Irã“, diz Lucena.

A alegação de Israel para promover o ataque contra o Irã, que começou na quinta-feira (12), é de que o país tem urânio enriquecido o suficiente para construir várias bombas em poucos dias. “Hoje, o Irã está mais perto do que nunca de obter uma arma nuclear. Armas de destruição em massa nas mãos do regime iraniano são uma ameaça existencial ao Estado de Israel e ao mundo em geral”, afirmou o país em comunicado. O Irã, no entanto, afirma que seu programa nuclear é pacífico.

Em pronunciamento, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que esse momento é “decisivo na história de Israel”. Netanyahu ainda afirmou que a operação continuará pelos “dias necessários para eliminar essa ameaça”.

Na sexta-feira (13), o Irã começou a revidar com mísseis balísticos. Pelo menos 60 pessoas em Israel ficaram feridas.

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