PT decide nesta sexta-feira sucessor de Gleisi para ‘mandato-tampão’
Conforme apurou o R7, o favorito para assumir o posto é o senador Humberto Costa (PE)
Brasília|Rute Moraes e Lis Cappi, do R7, em Brasília

Membros do PT (Partido dos Trabalhadores) se reúnem nesta sexta-feira (7) para definir o “presidente-tampão” da legenda após a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), que estava no comando do partido, ser indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir a Secretaria de Relações Institucionais. Ela assume o ministério na próxima segunda-feira (10).
O partido tem cinco vice-presidentes do bloco ligado a Gleisi que podem assumir a condução da legenda. São eles: o deputado federal José Guimarães (CE), o ex-deputado José Geraldo, o ex-ministro Luiz Dulci, o senador Humberto Costa (PE) e o prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá. Conforme apurou o R7, o favorito para assumir o posto é Humberto Costa.
LEIA MAIS
À reportagem, o senador confirmou a possibilidade de assumir a condução do partido, mas destacou que é uma decisão que depende do diretório nacional da legenda.
Os cotados fazem parte do CNB (Construindo um Novo Brasil), ala majoritária e que está há anos na direção do partido. A CNB é liderada pelo grupo do PT mais alinhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sendo ele próprio a maior liderança.
É a CNB quem deve indicar o nome do “presidente-tampão” até uma troca oficial que está prevista para julho. Com o desenho, a gestão temporária afasta a necessidade de um processo eleitoral.
Ida de Gleisi para ministério
Gleisi sai da presidência do PT após mais de sete anos à frente da sigla. Os mandatos de presidente do partido são de quatro anos, com a possibilidade de uma reeleição.
Ela deixará o comando da legenda para assumir a Secretaria de Relações Institucionais no lugar do ministro Alexandre Padilha, que agora vai para o Ministério da Saúde, após a demissão de Nísia Trindade.
Na nova função, a ministra cuidará de negociações do governo junto ao Congresso Nacional, entre demandas políticas e indicação de prioridades de votação.
Parlamentares esperam perfil negociador
Com críticas ao perfil político de Gleisi, parlamentares avaliaram ao R7 que ela terá uma boa relação com o Legislativo no comando da pasta responsável pela articulação política do governo federal. Eles ponderam que o nome da deputada “não era o esperado” pelo Centrão, que aguardava o anúncio de uma pessoa mais ligada ao bloco.
Gleisi substitui Alexandre Padilha, que teve uma gestão alvo de críticas no Congresso, em destaque a um rompimento com o agora ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). Apesar de desafios, o Centrão o classifica como uma pessoa de “fino trato”.
O senador Angelo Coronel (PSD-BA) disse esperar que Gleisi “venha para somar”, pois considera que ela tem capacidade para comandar o ministério. “Não será fácil substituir Padilha, uma pessoa de fino trato”, avalia.
Coronel opina que o comando da pasta tem que ser de alguém “da extrema confiança do presidente” e que, por isso, Lula teria escolhido um nome ligado ao PT.
Líder do Republicanos na Câmara dos Deputados, Gilberto Abramo (MG) destacou à reportagem que Gleisi “tem poder de decisão” e “autonomia” para firmar acordos que serão cumpridos com o Congresso.
Apesar de reconhecer o perfil mais combativo de Gleisi no comando do PT, ele considerou que a nova ministra deve ser mais negociadora e ter mais diálogo ao assumir o posto.
O deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB-AL), líder do MDB na Câmara, relatou que a nova ministra tem boa relação com ele e a considera uma “boa escolha”.
O centrão, que já faz parte do governo Lula, no entanto, esperava mais espaço nas mudanças, principalmente porque os ministérios mais visados, considerados de primeiro escalão, estão sob gestão de pessoas do PT.
“Todos os parlamentares esperavam que o governo conseguisse um deputado que não fosse do PT. Ou até se fosse do PT, um melhor articulador dentro do Congresso seria o [o líder do governo na Câmara, José] Guimarães”, disse um parlamentar ao R7 sob reserva.
Essa ala do Centrão se vê preocupada com a coordenação de Gleisi na pauta econômica do governo. Eles consideram que ela sempre se mostrou “contra” a política econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Apesar de ter criticado Padilha no comando das Relações Institucionais, o Centrão considera o perfil dele mais negociador e receptivo do que o de Gleisi. “Às vezes, as coisas não fluíam, não andavam, mas o ministro sempre teve um bom relacionamento com o Centrão”, afirmou um deputado.
A ala esperava que Lula colocasse uma pessoa de “mais articulação” e de mais “trânsito” com o parlamento, para um espaço aos demais partidos.