PF desarticula grupo criminoso suspeito de abuso sexual infantil
Polícia Federal identificou o responsável por hospedar e gerenciar cinco dos maiores sites de abuso sexual infantil do mundo
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília

A Polícia Federal desarticulou, nesta sexta-feira (3), um grupo criminoso suspeito de abusar sexualmente de crianças e adolescentes e difundir o material na chamada dark web, uma camada obscura da internet que necessita de configurações específicas para ser ada. A quadrilha atuava no Brasil e no exterior.
Entre os identificados na ação, em curso desde 2019, está um brasileiro que, segundo a PF, é responsável por hospedar e gerenciar cinco dos maiores sites de abuso sexual infantil de toda a rede mundial de computadores.
Ao todo, estão sendo cumpridos 104 mandados de busca e apreensão e oito mandados de prisão preventiva, distribuídos em 20 estados e no Distrito Federal.
De acordo com a investigação, os sítios e fóruns eram divididos por temática, com imagens e vídeos de abuso sexual de crianças de até 5 anos, abuso sexual com tortura, abuso sexual de meninos e abuso sexual de meninas.
"Muitos deles são abusadores, metade ou mais da metade são potenciais abusadores. O material tem cenas de abuso sexual de crianças e estupro de vulnerável", comentou o delegado da Polícia Federal Renato Cintra.
Os sites eram ados por mais de 1,8 milhão de usuários, em todo o mundo, para postar, adquirir e retransmitir materiais relacionados à violência sexual contra crianças e adolescentes, dando a dimensão da necessidade do enfrentamento aos principais fomentadores desse tipo de conduta delituosa.
Os criminosos atuavam mediante divisão de tarefas (arregimentadores, es, moderadores, provedores de e de hospedagem, produtores de material, disseminadores de imagens, entre outros), com a finalidade de produzir e realizar a difusão de imagens, fotos e comentários acerca de abuso sexual de crianças e adolescentes e, ainda, alimentar a demanda por esse tipo de material.
Polícia Federal manteve operação em sigilo
A primeira fase da Operação Lobos, com auxílio de investigadores de diversos países, foi mantida em sigilo pela Polícia Federal. Segundo a corporação, a medida permitiu a identificação e localização de indivíduos no Brasil envolvidos com a produção e divulgação de material de abusos sexuais contra crianças e adolescentes.
"A Polícia Federal ressalta que o objetivo da Operação Lobos II, para além da identificação e prisão de abusadores sexuais e de consumidores desse tipo de material, visa à localização e ao resgate de crianças que se encontram em situação de extrema violência", comentou a corporação em nota.
Os envolvidos serão investigados, entre outros crimes, por venda, produção, disseminação e armazenamento de pornografia infantil e estupro de vulnerável. A pena para a posse desse tipo de material pode chegar a quatro anos de prisão. A publicação de pornografia envolvendo menores pode render seis anos de reclusão, e o crime de estupro de vulnerável tem pena de 15 anos de prisão.