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R7 Brasília

Com Cid e Ramagem, STF conclui 1º dia de interrogatórios sobre tentativa de golpe de Estado

Mauro Cid disse que Bolsonaro ‘enxugou’ minuta de golpe e apostava em pressão popular para mudar eleições. Sessão continua nesta terça

Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em BrasíliaOpens in new window e Victoria Lacerda, do R7, em Brasília

Réus e delator no caso de tentativa de golpe de Estado sentaram-se lado a lado no STF Ton Molina/STF - 09.06.2025

O STF (Supremo Tribunal Federal) iniciou o interrogatório dos oito acusados de tentativa de golpe de Estado em 2022, entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro. O primeiro a ser interrogado foi o delator Mauro Cid, seguido do deputado federal e ex-presidente da Abin Alexandre Ramagem.

Cid relatou que Bolsonaro apostava em fraude ou pressão popular para tentar reverter resultado das eleições.

“A primeira hipótese era encontrar fraude nas eleições. A outra, por meio do povo radical, encontrar uma fórmula que permitisse reverter a situação.”

Segundo o delator, Bolsonaro recebeu a minuta de golpe e teria “enxugado” o documento original.


Veja interrogatório de Mauro Cid:

“O presidente Jair Bolsonaro recebeu e leu esse documento. E fez algumas alterações no documento. De certa forma, enxugou o documento, retirando as autoridades das prisões”, disse Cid, completando que apenas Moraes foi mantido nessa lista de presos.


Cid reafirmou que não foi coagido a delatar os casos. E que áudios com críticas à delação foram desabafos em meio a crise pessoal.

Perguntas a Cid

Após um breve intervalo, a sessão continuou com os advogados dos réus perguntando para Mauro Cid. As defesas de Alexandre Ramagem, Augusto Heleno e Anderson Torres não quiseram questionar.


Já Demóstenes Torres, de Almir Garnier; Andrew Fernandes Farias, de Paulo Sergio Nogueira de Oliveira; José Luis Mendes de Oliveira Lima, de Braga Netto; e Celso Sanchez Vilardi, de Bolsonaro, usaram o direito.

Vilardi perguntou se Mauro ouviu de Bolsonaro que, sem a comprovação de fraude nas eleições, não haveria espaço para qualquer tipo de ação institucional.

“A questão era: se não houvesse fraude, nada ia acontecer. Se houvesse fraude, ele agiria. Essa era a lógica. ‘Não foi encontrada a fraude, nada vai acontecer’, foi o que ele repetiu em diversas mensagens a diferentes interlocutores.”

Segundo Cid, essa avaliação era compartilhada desde o início com aliados e militares próximos.

“Logo no começo, lembro que comentei isso em mensagens com o general Cavalieri e com o general Antonio Amarante. Porque eu sabia qual era a posição das Forças Armadas. Independente do que acontecesse nas eleições, dificilmente algo seria feito. Sem o apoio das Forças Armadas, não teria como seguir com nada.”

Cid repetiu que nunca ouviu de Bolsonaro algo do tipo: “‘Temos que achar uma fraude’ ou ‘Precisamos forjar algo para decretar alguma coisa’”. “Não havia esse tipo de condicionante explícito da parte dele”, completou.

Ramagem

Em seguida, Moraes interrogou Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

Ramagem negou ter participado da divulgação de documentos com críticas ao sistema eleitoral brasileiro.

Ele afirmou que o material atribuído a ele, contendo informações falsas sobre a empresa Positivo e desconfianças sobre as urnas eletrônicas, era um “documento privado” com “opiniões pessoais” que jamais foram compartilhadas oficialmente.

O conteúdo apresenta uma narrativa voltada a desacreditar o processo eleitoral brasileiro e as urnas eletrônicas.

“Tudo o que coloquei nesse documento são anotações pessoais, privadas. Não houve difusão ou encaminhamento. Era algo meu, com opiniões privadas, não oficiais. Não foi compartilhado com ninguém”, afirmou Ramagem.

Dinâmica

As audiências estão sendo realizadas presencialmente na Corte. A única exceção é o interrogatório do general Walter Braga Netto, que será feito por videoconferência, já que o militar está preso.

Estão autorizados a acompanhar os trabalhos o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e os ministros da Primeira Turma: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

Nesta fase processual, os questionamentos seguem a seguinte ordem: primeiro fala o juiz instrutor, ministro Alexandre de Moraes; depois, o procurador-geral da República; e, por fim, as defesas dos corréus — sempre seguindo a ordem alfabética dos réus.

À frente de Moraes, há uma mesa com dois lugares, onde se sentam o réu da vez e seu advogado. Atrás, foram organizadas oito mesas individuais, separadas por cerca de um palmo, para acomodar os demais réus e seus advogados.

Nas fileiras anteriores, podem se posicionar outras bancas de advogados. Nas laterais superiores da sala, à direita e à esquerda, estão os profissionais da imprensa.

Ordem dos réus na sala

Os réus estarão sentados da direita para a esquerda, na seguinte ordem:

  • Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens da Presidência;
  • Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
  • Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil.

Calendário dos interrogatórios

No dia 9, os depoimentos estão previstos para ocorrer das 14h às 20h. Caso seja necessário, o ministro Alexandre de Moraes já designou datas adicionais para dar continuidade às audiências:

  • 10 de junho, das 9h às 20h;
  • 11 de junho, das 8h às 10h;
  • 12 de junho, das 9h às 13h;
  • 13 de junho, das 9h às 20h.

O ministro deixou claro que os réus têm o direito constitucional de falar ou permanecer em silêncio.

A expectativa é de que o julgamento do “núcleo 1″ ocorra entre setembro e outubro deste ano.

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