Haddad defende reciprocidade, mas diz que governo vai avaliar com cautela medidas de Trump
Ministro afirmou que governo vai fazer balanço das relações comerciais para que reciprocidade seja observada pelos dois países
Brasília|Do R7

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (13) que o governo federal vai avaliar com cautela o anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que o país vai ar a aplicar tarifas recíprocas sobre todos os parceiros comerciais. Além disso, o ministro afirmou que será feito um balanço das relações comerciais entre Brasil e EUA para que a reciprocidade seja observada pelos dois países.
“Pela maneira como as coisas estão sendo anunciadas e feitas, o melhor é nós aguardarmos para verificar. Não vamos a qualquer sinalização nos manifestar, até porque temos que ver como é que termina essa história. A partir do momento que nós tivermos um balanço do que eles pretendem, aí sim nós vamos estar com a radiografia feita e vamos considerar”, comentou o ministro.
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“Vamos com cautela avaliar o conjunto das medidas que vão ser anunciadas. Enquanto isso, a área econômica, sobretudo o Ministério do Desenvolvimento, capitaneado pelo vice-presidente [Geraldo Alckmin], está fazendo um balanço das nossas relações comerciais para que a reciprocidade seja um princípio a ser observado pelos dois países”, completou Haddad.
O ministro disse que, se for levando em conta bens e serviços, os Estados Unidos têm superávit com o Brasil (exportam mais do que importam).
“Os Estados Unidos têm uma balança superávitária conosco. Então, não faz nem muito sentido nós complicarmos o que está funcionando bem. A balança, ela é relativamente estável, favorável a eles, não há muita razão para isso”, opinou Haddad.
Reciprocidade dos EUA
A ideia da medida anunciada por Trump é igualar as taxas cobradas por outras nações na importação de produtos norte-americanos. Para justificar a medida, o governo dos EUA usou o etanol brasileiro como exemplo.
“A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%, mas o Brasil cobra das exportações de etanol dos EUA uma tarifa de 18%. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil — enquanto os EUA exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil”, diz o documento assinado pelo presidente dos EUA.
Em uma rede social, Trump disse que “por muitos anos, os EUA foram tratados injustamente por outros países, amigos e inimigos”. “Este sistema imediatamente trará justiça e prosperidade de volta ao sistema de comércio anteriormente complexo e injusto. Os EUA ajudaram muitos países ao longo dos anos, a um grande custo financeiro. Agora, é hora de esses países se lembrarem disso e nos tratarem de forma justa”, afirmou.
Depois, em entrevista coletiva à imprensa no Salão Oval, o presidente norte-americano disse que espera um crescimento no número de empregos nos EUA a partir da medida.
“Eles podem construir uma fábrica aqui, uma planta ou o que quer que seja aqui, e isso inclui área médica, carros, chips e semicondutores, inclui tudo. Se você construir aqui, não terá tarifas de forma alguma. E eu acho que é isso que vai acontecer. Acho que nosso país vai ser inundado de empregos. Os empregos vão aumentar tremendamente. Teremos ótimos empregos. Empregos para todos. Isso é algo que deveria ter sido feito há muitos anos”, destacou.