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R7 Brasília

Fraude no INSS: aposentado foi vinculado a empresas a mais de 1.000 km de distância

Contratos teriam sido firmados sem autorização da vítima; PF acha ‘improvável’ que idoso tenha percorrido distância para fazer cadastro

Brasília|Rafaela Soares, do R7, em Brasília

Aposentado teria que enfrentar uma viagem de 27 horas de carro para fazer cadastro Rafa Neddermeter/Agência Brasil/Arquivo

Durante as investigações das supostas fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), a Polícia Federal encontrou um caso de um aposentado de 78 anos que teria se vinculado a duas empresas localizadas a mais de 1.000 km de distância.

Morador de Manacapuru (AM), o idoso teria que fazer uma viagem de 27 horas de carro para o contrato. Para a corporação, é “improvável” que o aposentado ou os próprios funcionários percorressem essa distância em busca de serviços, ou associados.

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“É improvável que um aposentado de 78 anos fosse percorrer tamanha distância para se associar, assim como também é improvável que funcionários da associação fossem percorrer tantos quilômetros em busca de associados. E ainda que a vinculação associativa exista, seria muito difícil a prestação de quaisquer serviços pela entidade a tão longa distância”, apontou o relatório.

Em outros casos, a filiação de idosos acontece em empresas a 386 km, por exemplo, ou até mesmo em instituições distintas mas com o mesmo endereço. Os casos foram registrados na Bahia, Maranhão, Alagoas.


‘Careca do INSS’

Outro investigado é Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Indícios apontam que ele teria usado uma empresa registrada nas Ilhas Virgens Britânicas — consideradas paraíso fiscal — para adquirir quatro imóveis em São Paulo (SP) e Brasília (DF). Além disso, o lobista teria alterado as declarações de renda mensal, que aram de pouco mais de R$ 24 mil para até R$ 35 mil.

Para os investigadores, as movimentações financeiras de Antônio seriam muito superiores à renda declarada, totalizando milhões de reais em créditos e débitos. “As participações societárias e a capacidade financeira declarada são desproporcionais às quantias movimentadas”, afirmou a PF.


O relatório também mostrou que o patrimônio do lobista teve um acréscimo de R$ 14 milhões entre abril e julho de 2024. Antônio é peça central na investigação sobre supostas fraudes contra aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Ainda segundo a Polícia Federal, o rombo causado pelos desvios pode superar R$ 6 bilhões. O R7 tenta contato com a defesa de Antônio Carlos. O espaço segue aberto.


33 viagens para o exterior

A advogada e servidora pública aposentada Cecília Rodrigues Mota é apontada pela PF (Polícia Federal) como uma das envolvidas no suposto esquema de fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Segundo as investigações, ela realizou 33 viagens internacionais entre janeiro e novembro de 2024 para destinos como Dubai, Paris e Lisboa.

Entre os acompanhantes, havia pessoas que teriam recebido recursos de empresas ligadas a Cecília. Em um dos casos, um dos suspeitos chegou a viajar 15 vezes para Lisboa, em Portugal. O R7 entrou em contato com a advogada e aguarda resposta.

Entenda

A operação da PF e da CGU foi deflagrada na última terça (22) e cumpriu 211 mandados judiciais, incluindo ordens de busca e apreensão, sequestro de bens, avaliados em mais de R$ 1 bilhão, e seis mandados de prisão temporária. As investigações apuram um esquema nacional de cobranças indevidas em benefícios do INSS.

Conforme as apurações, aposentados e pensionistas foram alvo de descontos não autorizados de mensalidades associativas, aplicados diretamente sobre os valores de aposentadorias e pensões. O prejuízo estimado chega a R$ 6,3 bilhões, acumulados entre os anos de 2019 e 2024. Ao menos 11 entidades são suspeitas.

Ainda não se sabe quanto desse valor foi indevidamente descontado e quanto tinha autorização dos beneficiários.

Os investigados poderão responder por corrupção ativa e iva, violação de sigilo funcional, falsificação de documentos, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

A apuração das autoridades levou à demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e ao afastamento de servidores.

Dois dias depois da operação, representantes do INSS e da CGU informaram a suspensão dos descontos na folha de pagamento de aposentados e pensionistas por convênios com entidades, como associações e sindicatos. A pausa é por tempo indeterminado, até a conclusão da análise de cada acordo, para a identificação dos descontos irregulares.

Segundo o ministro da CGU, Vinicius de Carvalho, para reorganizar o sistema de desconto e torná-lo mais rígido e seguro, é necessária a suspensão de todos os acordos de cooperação técnica vigentes, celebrados pelo INSS com entidades nos últimos anos.

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