Escala 6x1 é ‘cruel’ e redução da jornada é ‘plenamente possível’, defende ministro do Trabalho
Luiz Marinho afirma que Brasil tem capacidade de reduzir jornada para 40h semanais; ministro pediu diálogo sobre fim da escala 6x1
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou que a escala de trabalho 6x1 é “cruel”, principalmente com as mulheres, e que uma redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais é “plenamente possível”. As declarações foram dadas na manhã desta quarta-feira (30) em entrevista ao Bom Dia, Ministro.
Na avaliação de Marinho, as centrais sindicais perderam a oportunidade de aceitar a redução de quatro horas semanais proposta pelo Congresso.
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“Esse é um debate importante. As centrais sindicais perderam uma oportunidade que foi um debate no Congresso Nacional de reduzir para 40 horas semanais a jornada máxima, de forma gradual, meia hora por ano. Mas o pessoal entrou naquela de tudo ou nada, e mantêm as 44h até hoje”, lamentou.
“Mas acredito eu que é plenamente possível a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais”, disse o titular da pasta.
Para ele, é importante que o Brasil caminhe para uma redução da jornada de trabalho. “O governo vê com simpatia a possibilidade de reduzir a jornada máxima para 40 horas, acho que o país está preparado para isso, mas o ambiente de debate não é com o governo, é com o Congresso Nacional”, ressaltou.
Sobre a escala 6x1, o ministro disse que o turno é cruel com os trabalhadores, “em especial para as trabalhadoras, sacrificando demais as mães”. Ele reforçou, contudo, que embora o governo tenha simpatia ao tema, esse é um debate dos deputados e senadores.
“Tem muita resistência, principalmente do empresariado do comércio. Agora é ter maturidade, celeridade e debate. Espero que o Congresso possa estar sensível para enfrentar esse debate, com os trabalhadores e empregadores. É importante que a gente tenha previsibilidade da sustentabilidade da economia, para não gerar um transtorno”, alertou.
Impactos na economia
Em notas já publicadas sobre o tema, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), se mostrou contrária ao fim da escala 6x1. “Embora entendamos e valorizemos as iniciativas que visam promover o bem-estar dos trabalhadores e ajustar o mercado às novas demandas sociais, destacamos que a imposição de uma redução da jornada de trabalho sem a correspondente redução de salários implicará diretamente no aumento dos custos operacionais das empresas”, disse.
Segundo a Confederação, esse aumento na folha de pagamento pressionará ainda mais o setor produtivo, “já onerado com diversas obrigações trabalhistas e fiscais”. “O impacto econômico direto dessa mudança poderá resultar, para muitas empresas, na necessidade de reduzir o quadro de funcionários para adequar-se ao novo cenário de custos. Com isso, antecipamos que, ao invés de gerar novos postos de trabalho, a medida pode provocar uma onda de demissões, especialmente em setores de mão de obra intensiva, prejudicando justamente aqueles que a medida propõe beneficiar”, alertou.
Para a CNC, a “redução da jornada de trabalho deve ser discutida no âmbito das negociações coletivas, respeitando as especificidades e limitações de cada setor econômico e evitando a imposição de uma regra única”.
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