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R7 Brasília

‘Enxurrada’ de denúncias sobre descontos ilegais não impediu INSS de firmar novos acordos com entidades, aponta PF

Tribunal de Contas classificou como ‘escabrosos’ os casos de descontos associativos e apontou falhas graves na fiscalização

Brasília|Do R7, em Brasília

Investigação descobriu que documentação de idosos fica sob a guarda das entidades Tony Winston/Agência Brasília/Arquivo

A Polícia Federal apontou que, mesmo diante de uma “enxurrada” de reclamações e processos judiciais por descontos indevidos, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) continuou firmando acordos de cooperação técnica com entidades para a realização de “desconto de mensalidade associativa”.

“Portanto, a mesma autarquia que declara não possuir capacidade de fiscalizar os ACTs [acordos de cooperação técnica] é aquela que libera novos acordos e consignações de descontos em sua folha”, destaca o relatório.

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Além disso, uma análise da CGU (Controladoria-Geral da União), também citada no documento, aponta que o órgão não implementou “controles suficientes para mitigar os riscos de descontos indevidos”, mesmo ciente da “falta de capacidade operacional necessária para o acompanhamento dos ACTs”.

Outro trecho do documento ressalta que, mesmo com um aumento de 772% nos pedidos de cancelamento entre julho de 2023 e abril de 2024, “o INSS limitou-se a suspender novas adesões de algumas entidades e por um curto período”.


A situação levou o TCU (Tribunal de Contas da União) a questionar formalmente: “Por que o INSS autorizou essa sistemática de desconto consignado para mensalidades associativas e sindicais se não tinha condição alguma de fiscalizar?”. O tribunal classificou como “escabrosos” os casos de descontos associativos.

Documentos retidos

A investigação também revelou que os documentos que autorizavam “expressamente os descontos associativos” estavam sob guarda das próprias entidades e, segundo o relatório, só eram apresentados ao INSS mediante solicitação. “Parcela relevante da documentação demandada pelo INSS às entidades associativas durante a execução da inspeção não foi por elas encaminhada corretamente”, informa o texto.


Para o TCU, “os controles do INSS para averbação de descontos, especialmente de mensalidade associativa, são insuficientes para prevenir descontos indevidos” e classificou como “injustificável a não utilização da faculdade de revisão dos acordos de cooperação técnica nos casos mais escabrosos”.

Entenda

A operação da PF e da CGU foi deflagrada na em 22 de abril de 2025 e cumpriu 211 mandados judiciais, incluindo ordens de busca e apreensão, sequestro de bens — avaliados em mais de R$ 1 bilhão — e seis mandados de prisão temporária. As investigações apuram um esquema nacional de cobranças indevidas em benefícios do INSS.


Conforme as apurações, aposentados e pensionistas foram alvo de descontos não autorizados de mensalidades associativas, aplicados diretamente sobre os valores de aposentadorias e pensões. O prejuízo estimado chega a R$ 6,3 bilhões, acumulados entre os anos de 2019 e 2024. Ao menos 11 entidades são suspeitas.

Ainda não se sabe quanto desse valor foi indevidamente descontado e quanto tinha autorização dos beneficiários.

Os investigados poderão responder por corrupção ativa e iva, violação de sigilo funcional, falsificação de documentos, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

A apuração das autoridades levou à demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e ao afastamento de servidores.

Dois dias depois da operação, representantes do INSS e da CGU informaram a suspensão dos descontos na folha de pagamento de aposentados e pensionistas por convênios com entidades, como associações e sindicatos. A pausa é por tempo indeterminado, até a conclusão da análise de cada acordo, para a identificação dos descontos irregulares.

Segundo o ministro da CGU, Vinicius de Carvalho, para reorganizar o sistema de desconto e torná-lo mais rígido e seguro, é necessária a suspensão de todos os acordos de cooperação técnica vigentes, celebrados pelo INSS com entidades nos últimos anos.

“O governo vai ressarcir o que foi descontado irregularmente. Isso estará em um plano que será apresentado em breve”, declarou Carvalho.

O ministro não informou, no entanto, quando ou como esse ressarcimento será feito. Segundo Carvalho, o governo federal elabora um plano para identificar os descontos fraudados e permitir as devoluções.

O planejamento, que deve ser apresentado “em breve”, como afirmou o ministro, vai detalhar o total dos valores que serão ressarcidos e o formato das reposições.

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