Em meio ao tarifaço de Trump, Brics ampliam cooperação agrícola e comercial
Organizado pelo Grupo de Trabalho de Agricultura dos Brics o encontro terminou com a publicação de uma declaração conjunta
Brasília|Do R7, em Brasília

Enquanto os Estados Unidos, sob o governo de Donald Trump, endurecem barreiras comerciais, os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) avançam em sentido oposto. Nesta semana, durante encontro realizado em Brasília, o bloco reafirmou seu compromisso com a cooperação agrícola, a segurança alimentar global e o multilateralismo.
Organizado pelo Grupo de Trabalho de Agricultura dos Brics — com coordenação do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil — o encontro terminou, nesta quinta-feira (17), com a publicação de uma declaração conjunta. No documento, os países estabeleceram uma agenda de cooperação para o período de 2025 a 2028, com ênfase em inovação tecnológica, sustentabilidade, pesquisa e desenvolvimento, e facilitação do comércio agrícola intrabloco.
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Um dos pontos centrais do acordo foi o apoio coletivo à proposta russa de criação da Bolsa de Grãos do BRICS. A iniciativa, apresentada pelo presidente Vladimir Putin em outubro de 2024, busca facilitar as trocas comerciais entre os países-membros e blindar os mercados internos contra pressões externas.
“A implementação dessa iniciativa ajudará a proteger os mercados nacionais contra interferências externas negativas, especulações e tentativas de criar uma escassez artificial de alimentos”, declarou Putin ao apresentar a proposta.
O documento também reforça a importância de práticas comerciais alinhadas às diretrizes da OMC (Organização Mundial do Comércio) e prevê o fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco dos BRICS, como fonte de financiamento para projetos estruturantes no setor agrícola.
Potência agrícola global
De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, os países do BRICS abrigam 54,5% da população mundial, concentram um terço das terras agrícolas e mais de um terço dos recursos de água doce do planeta. Juntas, essas nações respondem por 75% da produção agrícola global e são lar de aproximadamente metade das 550 milhões de propriedades familiares existentes no mundo — muitas delas conduzidas por pequenos produtores.
Para o ministro brasileiro Carlos Fávaro, os dados refletem não apenas o peso econômico do bloco, mas também seu papel estratégico diante dos desafios alimentares que afetam o planeta.
O plano de trabalho estabelecido pelo grupo para os próximos quatro anos inclui metas e ações concretas. Entre os compromissos assumidos pelos países, estão:
- Fomento à inovação tecnológica no campo;
- Desenvolvimento de maquinários agrícolas íveis;
- Fortalecimento da agricultura familiar;
- Preservação dos recursos naturais;
- Criação de mecanismos de comércio mais justos e menos vulneráveis a oscilações externas.
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