Cid: ‘Gabinete do ódio’ era formado por garotos e ‘02’ cuidava de Instagram e Twitter de Bolsonaro
Grupo era subordinado a Carlos Bolsonaro, que ditava o que eles teriam que colocar e falar nas redes

Em delação publicada nesta quarta-feira (19), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou que o “Gabinete do ódio” era formado por três garotos, que eram assessores do ex-presidente e que estavam dentro da estrutura da assessoria, nomeados formalmente, desde o início do governo, em 2019.
Além disso, afirmou que eles acompanhavam as mídias sociais, que eram subordinados a Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, que ditava o que eles teriam que colocar e falar nas redes. E que o filho de Bolsonaro cuidava das redes sociais do pai.
“O que eles faziam basicamente ali, eles sentiam a temperatura das redes sociais e tentavam colocar matérias que davam engajamento, de alguma forma, dentro do grupo, e tinham contatos com pessoas, com influenciadores que replicavam as postagens. Eles já faziam contato com os influenciadores para eles replicassem aquilo que eles queriam que se tornasse notícia”, afirmou.
Segundo a defesa de Bolsonaro, ele “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”.
Mais cedo, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) tirou o sigilo da delação premiada feita em 2024 pelo tenente-coronel. Na mesma decisão, Moraes abriu prazo de 15 dias para que os 34 denunciados pela PGR (Procuradoria-Geral da República) apresentem suas defesas por escrito.
Na terça-feira (18), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou ao STF denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por suposto envolvimento em um plano de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Agora, o ministro Alexandre de Moraes vai analisar a denúncia. Segundo a defesa de Bolsonaro, ele “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”.
Bolsonaro foi denunciado pelos seguintes crimes:
- Liderar organização criminosa armada;
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- Golpe de Estado;
- Dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima; e
- Deterioração de patrimônio tombado.
As regras de concurso de pessoas e concurso material também são observadas nas imputações.
A apresentação da denúncia significa que a PGR encontrou indícios suficientes para formalmente acusar uma pessoa de ter cometido um crime. Ainda não há condenação para os envolvidos.
Ao todo, 34 pessoas foram denunciadas acusadas de estimular e realizar atos contra os Três Poderes e contra o Estado Democrático de Direito. Os fatos foram divididos em cinco peças acusatórias.