Bolsonaro diz não ter ‘nada a ver com Zambelli’ após depoimento à PF
Ex-presidente disse que não foi questionado pela Polícia Federal sobre investigação envolvendo a deputada
Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quinta-feira (5) que “não tem nada a ver com Carla Zambelli” e negou que tenha sido questionado pela Polícia Federal por alguma investigação sobre a parlamentar. As declarações foram feitas depois que Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal no inquérito que apura a conduta do filho dele Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos.
Bolsonaro também negou ter feito Pix para Zambelli e declarou que acompanha o caso dela pela imprensa.
“Não tenho nada a ver com a Carla Zambelli. Não botei dinheiro no Pix dela. Eu acompanhei pela imprensa o caso Zambelli. Hoje, eu fui aqui ouvido apenas pela questão do meu recurso que eu botei na conta do meu filho que está nos Estados Unidos”, disse o ex-presidente em entrevista à imprensa.
leia mais
Mais cedo nesta quinta, o advogado Paulo Cunha Bueno, que defende Bolsonaro, tinha confirmado à reportagem que o ex-presidente também seria ouvido pela PF em uma investigação relacionada a Zambelli. Contudo, depois do depoimento, o advogado afirmou que o caso da deputada não foi tema da audiência de Bolsonaro na PF.
“O presidente recebeu uma intimação, nós recebemos uma intimação, para que ele fosse ouvido num outro inquérito de 2023, que estava em segredo de justiça, e os autos eram físicos no Supremo Tribunal Federal. Nós requeremos vistas desses autos para efetivamente podermos fazer o depoimento. Ocorre que o ministro Moraes ainda não despachou o pedido de vistas. De sorte que nós peticionamos dizendo: ‘Olha, enquanto não tivermos vistas, não iremos depor porque eu não sei do que se trata’”, explicou Bueno.
Investigação sobre Eduardo
Eduardo tem afirmado publicamente que busca junto ao Governo dos Estados Unidos a imposição de sanções contra membros do STF (Supremo Tribunal Federal), da PGR (Procuradoria-Geral da República) e da Polícia Federal por considerar que há uma perseguição política a contra ele e o pai.
O deputado é investigado por coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
A investigação foi aberta a pedido da PGR, que disse que as ações de Eduardo nos EUA buscam intimidar autoridades envolvidas em processos contra Jair Bolsonaro e aliados, o que configuraria tentativa de obstrução judicial e interferência em outros Poderes.
Depoimento de líder do PT
O requerimento da investigação sobre Eduardo foi apresentado à PGR pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ). Ele foi ouvido pela Polícia Federal nesta semana. Durante o depoimento, pediu à PF que o ex-presidente também seja investigado no caso.
Segundo Farias, Bolsonaro tenta “sabotar, obstruir ou interferir diretamente nas funções típicas do Poder Judiciário brasileiro”, em especial na ação penal em que o ex-presidente é réu por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
O líder do PT considera que o ex-presidente é “responsável pela captação de recursos via campanha massiva de doações por Pix, sob a justificativa de custear despesas jurídicas e pagar multas, mas com desvio de finalidade declarado, segundo suas próprias palavras, para manter Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos e financiar a campanha estrangeira de ataque contra o STF”.
O deputado também pediu o bloqueio imediato das contas de Jair Bolsonaro para interromper possível coautoria material e financeira nos delitos em apuração, diante do risco de dissipação de recursos.
Outra solicitação do petista foi para que Bolsonaro tenha os sigilos bancário e fiscal derrubados para rastrear valores enviados ao exterior com indícios de desvio de finalidade na arrecadação por Pix para supostamente financiar ataques ao sistema de Justiça brasileiro.
Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp