:root { --editorial-color: #556373; } body { writing-mode: horizontal-tb; font-family: var(--font-family-primary, sans-serif), sans-serif; }
Logo R7.com
Logo do PlayPlus

O que são ondas de calor e quais foram as mais mortais da história

Eventos têm se tornado mais comuns e perigosos nos últimos anos; estudo indica que altas temperaturas podem aumentar risco de morte

Internacional|Do R7

Cidade do Rio de Janeiro teve em 2023 e 2024 as temperaturas mais altas já registradas na história do município Divulgação/Marcos de Paula/Prefeitura do Rio de Janeiro

Nos últimos anos, o mundo tem enfrentado temperaturas recordes e ondas de calor cada vez mais frequentes e intensas. Especialistas apontam que as mudanças climáticas estão tornando esses eventos mais severos, colocando milhões de vidas em risco. Mas quais foram as ondas de calor mais letais da história? E por que elas estão se tornando mais comuns?

Leia mais

O que são ondas de calor e por que elas acontecem?

Ondas de calor são períodos prolongados de temperaturas extremamente altas, geralmente acima da média histórica de determinada região. Elas são causadas por sistemas de alta pressão que bloqueiam a formação de nuvens e impedem o resfriamento do ar.

A ONU (Organização das Nações Unidas) diz que atividades humanas, como a emissão de gases de efeito estufa, têm contribuído para o aumento das temperaturas globais, tornando as ondas de calor mais comuns e perigosas.

De acordo com o Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), é praticamente certo que as temperaturas extremas aumentaram em frequência e intensidade desde a década de 1950.


O impacto disso é sentido na saúde pública, na economia e no meio ambiente, com riscos de incêndios florestais, queda na produtividade agrícola e sobrecarga nos sistemas de energia ao redor do mundo.

As ondas de calor mais mortais da história

Grécia, 1987


Em julho de 1987, a Grécia foi assolada por uma onda de calor devastadora. Com temperaturas superiores a 45°C, hospitais registraram um aumento exponencial de internações por insolação e desidratação. No total, mais de mil pessoas perderam a vida devido ao calor extremo.

Oeste dos EUA, 1988


A onda de calor que atingiu o oeste dos Estados Unidos em 1988 não apenas matou centenas de pessoas, mas também provocou o incêndio mais destrutivo da história do Parque Nacional de Yellowstone, o mais antigo do mundo. Milhares de hectares foram consumidos pelo fogo, enquanto diversas cidades da região registraram temperaturas recordes.

Europa, 2003

O verão de 2003 foi um dos mais quentes já registrados na Europa. Países como França, Alemanha, Espanha e Itália enfrentaram temperaturas extremamente altas, que resultaram em cerca de 70 mil mortes. Na França, os hospitais ficaram sobrecarregados, e a falta de preparo para lidar com temperaturas tão elevadas fez com que muitas vítimas fossem idosos que moravam sozinhos.

Rússia, 2010

O calor extremo que atingiu a Rússia em 2010 fez os termômetros de Moscou chegarem a 38°C, algo sem precedentes nos registros meteorológicos do país. Além das mortes por insolação e complicações de saúde, incêndios florestais destruíram diversas cidades e deixaram uma densa fumaça sobre a capital russa. Estima-se que cerca de 56 mil pessoas tenham morrido em decorrência do evento.

Índia e Paquistão, 2015

A onda de calor de 2015 na Índia e no Paquistão registrou temperaturas superiores a 47°C. Mais de duas mil pessoas morreram na Índia, enquanto no Paquistão, a onda de calor afetou a cidade de Karachi de forma devastadora, resultando em mais de mil mortes. A situação foi agravada por cortes de energia, que deixaram a população sem o a ventiladores e ar-condicionado.

Europa e América do Norte, 2022

Em 2022, tanto a Europa quanto partes da América do Norte foram atingidas por ondas de calor recordes. O Reino Unido registrou temperaturas acima dos 40°C pela primeira vez, enquanto incêndios florestais devastaram Portugal, Espanha e França. Nos Estados Unidos e no Canadá, o calor extremo também causou mortes e sobrecarga nos sistemas de saúde.

O papel das mudanças climáticas

As ondas de calor estão se tornando mais frequentes e intensas devido às mudanças climáticas, segundo a ONU. O aquecimento global, impulsionado pela emissão de gases de efeito estufa, aumenta a probabilidade de períodos prolongados de calor extremo. As Nações Unidas dizem que se não houver uma redução significativa nas emissões, eventos como esses podem se tornar cada vez mais comuns e perigosos.

Além das mortes diretas, ondas de calor também impactam a segurança alimentar, a disponibilidade de água e a infraestrutura das cidades. Em muitos países, governos já estão adotando políticas para minimizar os danos, como sistemas de alerta, espaços públicos climatizados e campanhas de conscientização sobre os riscos do calor extremo.

Altas temperaturas aumentam risco de morte

Um estudo da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro divulgado na última semana revela uma ligação preocupante entre o calor extremo e o aumento da mortalidade na cidade, que teve em 2023 e 2024 as maiores temperaturas da história da cidade.

A pesquisa, conduzida pelo CIE (Centro de Inteligência Epidemiológica), analisou mais de 466 mil registros de mortes naturais entre 2012 e 2024 e constatou que temperaturas elevadas podem elevar significativamente o risco de óbito, especialmente entre idosos e portadores de doenças crônicas.

Os dados mostram que a exposição a temperaturas superiores a 40ºC por mais de quatro horas pode aumentar em 50% a mortalidade por doenças como hipertensão, diabetes e insuficiência renal entre idosos.

Entre pessoas com 65 anos ou mais, o calor intenso também elevou em 25% as mortes por doenças como infecções respiratórias, pneumonia e doenças cardiovasculares. Ao todo, 12 dos 17 grupos de doenças analisados tiveram aumento expressivo da mortalidade em idosos durante episódios de calor extremo.

Infográfico mostra relação entre exposição ao calor e mortalidade associada no Rio de Janeiro Divulgação/Prefeitura do Rio de Janeiro

Para entender melhor a influência do calor sobre a saúde, os pesquisadores desenvolveram uma nova métrica: a Área de Exposição ao Calor (AEC), que considera não só a temperatura, mas também o tempo de exposição ao calor.

A medida é calculada multiplicando o excesso de temperatura acima de um determinado limite pelo tempo de exposição a essa temperatura. Por exemplo, se um dia tem um índice de calor de 44°C durante 8 horas e o limite de referência é 30°C, o cálculo seria: (44°C−30°C)×8h.

Isso significa que quanto maior a temperatura e mais tempo ela durar, maior será a carga térmica acumulada no organismo, aumentando os riscos para a saúde

A pesquisa indica que, entre idosos, uma exposição de 64ºCh (graus-hora) aumenta em 50% o risco de morte por causas naturais. Com 91,2ºCh, o risco dobra.

Para ilustrar esse impacto, o estudo cita a onda de calor de novembro de 2023. Naquele dia 18, data marcada pela morte da jovem Ana Benevides durante um show da cantora Taylor Swift, o índice de calor no Rio ultraou 44ºC por oito horas, atingindo uma AEC recorde de 117ºCh. Nesse mesmo dia, houve o maior número de mortes de idosos por doenças crônicas da série histórica: 151 óbitos.


Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.